RIBEIRINHO DO VELHO CHICO

Vem aí uma belíssima produção televisiva da TV GLOBO, mostrando a saga do São Francisco, conhecido como o rio da integração nacional.

O rio nasce nos altos da Serra da Canastra, aqui nas Gerais, passa por cinco estados da federação, Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe até desaguar no Oceano Atlântico.

As belas imagens mostradas na “TV”, divulgando a minissérie, mostram um pouco do muito que será essa magnífica produção artística e cultural, trazendo-me à lembrança a imagem do meu velho e saudoso pai, Constantino Rêgo, nascido em Januária e criado nas barrancas do rio, donde saiu aos dez anos de idade levado pelo seu tio José Augusto, para ser internado no “Instituto João Pinheiro” em Belo Horizonte, no bairro da Gameleira, onde hoje existe um grande quartel da Policia Militar de Minas Gerais.

No “João Pinheiro” meu pai concluiu seus estudos primários, aprendeu música e a tocar clarineta e saxofone, desenvolvendo também sua aptidão para o futebol. Saiu do instituto aos dezoito anos, voltou para Januária e foi trabalhar como aprendiz na alfaiataria do tio José Augusto.

Esforçado, meu velho Constantino Rêgo ainda dedicava-se a pratica do futebol e aos ensaios na banda musical da cidade. Observado pelo Dr. Guilherme Mascarenhas, médico, industrial e diretor da Cia. Cedro e Cachoeira, durante um jogo amistoso entre o seu time, o “Cedro Esporte Clube” e a equipe local de Januária, meu pai foi convidado a ir trabalhar naquela indústria têxtil e a jogar na agremiação fabril, aceitando o desafio e transferindo-se para aquela cidade.

No Cedro, meu pai mostrou suas habilidades não só no futebol, mas destacando-se também no trabalho da fábrica de tecidos e na famosa “Euterpe Santa Luzia”, a banda da cidade, tocando sua clarineta e também o saxofone.

Conheceu minha mãe, Flaviana, no coral da Igreja de Santo Antonio, casaram-se e tiveram dez filhos, Roberto, Aécio, Rubens, Silvio, José Afonso, Constantino Filho, Maria Inez, Marilene, Mariza e Antonio.

Finalizo esta crônica com o peito cheio de saudades dos meus pais, que hoje habitam os planos celestiais, lembrando-me das muitas historias que o Velho Rêgo nos contava nas noites de chuva. Embolados na grande cama do casal, nós ouvíamos maravilhados os casos das suas traquinadas, junto com seus amiguinhos, nos tempos felizes de menino ribeirinho do Velho Chico.

Saudades, meu pai e minha mãe, muitas saudades. Fiquem bem e na santa paz do Senhor!...

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B.Hte., 12/03/16

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 12/03/2016
Reeditado em 02/04/2016
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