A MORTE
Quem não parou por um momento e pensou na vida, quer dizer na morte, porque a única certeza que temos é que um dia vamos morrer. Muito clichê essa frase? Talvez; mas não tem outra palavra pra definir melhor a vida, do que a morte. E também não há outra coisa mais amedrontadora que isso, é triste pensar que nós vamos morrer; que lutamos a vida toda pra comprar um carro, por exemplo, e que num cruzamento naquela avenida movimentada, depois de um agradável dia com a nossa namorada, aquele mesmo carro pelo qual lutamos para ter, é o algoz de nossa partida. Também é muito doloroso pensar que amanhã ao acordar, nosso melhor amigo possa não estar mais aqui, ou que os nossos projetos serão interrompidos por motivo de força além vida. Talvez mais triste que nossa morte, seja, a velhice, nossas forças não serão mais as mesmas, que os nossos filhos terão pena de nós, e que dirão –“coitado ele está sofrendo tanto, não que eu queira, mas seria melhor que o papai morresse. Melhor para todos nós”- há algo mais humilhante que isso? Saber que a gente, que um dia começou a batalhar para se formar advogado, ter um belo escritório, que lutou e ganhou em muitas causas, que montou uma bela casa lá no Morumbi, que tem o carro do ano, que mais amou do que foi amado, é justo pra essa pessoa simplesmente um dia não acordar mais? Pra quem fica é fácil, a vida continua, mas pra quem foi não é nada fácil, tem que começar tudo novamente, entender à vida e seus segredos; e um belo dia voltar à vida e não lembrar mais de nada? Me, diga se isso é justo? Onde está a justiça que impera no reino de Deus? Não acredito mais em Deus, acredito apenas na morte, que assim como dizia nosso saudoso Raulzito: talvez não terminemos àquele “drink”,ou talvez, aquele tombo besta, signifique o fim de nossa história aqui na Terra”. Enquanto à morte não vem ao meu encontro, vou levando a vida como quem sabe apenas, que um dia tudo isso vai acabar, o que não significa que concordo com a vida. Apenas sobrevivo.