amor de velhos
nossos retratos são antigos, de cores gastas - apesar de nunca me olhar no espelho, concordamos em pousar para um "selfie", um clique discreto, quase inaudível inda mais para centenários, fez a maravilha; minha companheira ajustou os pesados óculos para conferir a imagem na tela do telefone celular, o qual lamentavelmente via-se um casal velhíssimo, quase mumificado.
surpreso, voltei ao bangalô, esquecera que em mais de cem anos, um homem não pode possuir beleza, toda ela fora diluída ao longo das décadas, tudo em nós parecia lamentar de tristeza, minha esposa encantadoramente decrépita, consola-me com voz suave "somos velhos e não é nossa culpa vivermos com longevidade, mas nada deveria durar tanto..."