Folhetim

Sou um véio saudosista inveterado e, confesso, um véio quase doido varrido. Completamente refém do passado, do tempo do ronca.Leio os livros do passado, ouço as músicas antigas, assisto filmes antigos e, como se não bastasse, ainda adoro bater papo com foco nos anos dourados.. Um caso perdido.

Pois bem, remexendo nos meus guardados e espirrando paca, vendo a hora ter um acesso de asma (a bombinha no bolso), achei um conto meio longo que escrevi há mais de 30 anos. Imaginem o objetivo dessa maltraçada: publicá-la no jornalizinho da cidade na forma de folhetim como nos jornais do tempo antigo. Mas o responsável pelo jornal na cidade me desestimulou, disse que iria virar mangação. O cara era meu amigo e falou sério. Desisti, até achei que era mesmo besteira e que o conto era meio fraco, uma forma de dissinular a frustração. Reescrei esse conto depois e mandei para um concurso. Foi gongado,acho que nem leram, então o distindo foi para uma cixa de papelão. Depois de reencontrá-lo amoleguei-o, passei a vista nele, reli, treli, e, pasmem, resolvi publicá-lo na forma de folhetim, não mais no jornalizinho daminha cidade mas aqui no Recanto das Letras, sob o título "Folhetim - Dorita", serão nove capítulos, o primeiro divulguei ontem na área dos contos e vou continuar divulgando até o final. Sei que não será lido por muitas pessoas, mas pelo menos vai deixar de ser inédito.

Às vezes é bom a gente tentar viabilizar nossos sonhos, mesmo sonhos mixurucas, miúdos, acanhados. Ces't la vie. Ou como me disse o amigo quando quis publicá-lo no nosso jornalizinho: - Bicho isso é chose de loque. Só que eu sou um véio doido e teimoso. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 10/03/2016
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