A fala e o face
Sou um ser bem complexo. Não uso telefone celular, não tenho conta no face. Meu contato com modernidades se restringe a escrever aqui no RL e ao uso normal do computador no trabalho. Mas todos à minha volta estão mergulhados nessas ondas tecnológicas; e, às vezes, acabo tomando conhecimento. Sobre o facebook, por exemplo, tenho aprendido e tirado, já, algumas conclusões.
O lado bom: pessoas simples, sem acesso a leituras, educação postam frases bem feitas, mensagens de paz, poesias maravilhosas de poetas consagrados. Declaram amizade, amor de forma explícita - cortando pela raiz a maléfica timidez. Isso é bom. Outras vezes, expõem suas opiniões, principalmente políticas, de forma coerente, coesa; ou, ao contrário, revelando profundo despreparo, equívocos astronômicos, ira indevida, descompostura virtual. Mas vão (vamos) aprendendo, e isso faz parte do processo de desenvolvimento da comunicação. O face é uma excelente via de inclusão humanística, social.
(o lado frágil) ... Claro, vez ou outra uma surpresa esperada, uma maldade, uma falsidade.
Fico matutando muito sobre os comentários sumaríssimos. Não parecem ser por falta de tempo.
- Seriam por medo de deixar transparecer a verdade?
- Ou porque as pessoas têm medo de escrever errado, e por isso escondem suas palavras e as expõem minimamente?
Bem, quanto à falsidade, escrita e testemunhada em nível mundial, é péssimo. Sinal de que a humanidade arranjou mais um veículo para dar vazão à sua incorrigível falta de amor e espiritualidade.
E ainda, se estão escrevendo pouco por medo de errar - embora eu respeite a condição individual - é, numa visão global, um péssimo indício de que nossa língua está maltratada, exatamente numa época em que a informação está muito mais disponível. Sugere-me um descompromisso com a qualidade da comunicação, com o nosso sistema linguístico que é um patrimônio imaterial. Tem que ser preservado; protegida a sua personalidade; mantido seu charme, sua beleza, seu pedigree.