PROFISSSÃO DE FÉ
Durval Carvalhal
Sentenciou Vinícius de Morais que “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencanto pela vida". Se os meus foram muitos, e o foram, fui-lhes indiferente e subi a enorme ladeira íngreme da minha existência.
Parodiando o poeta Affonso Manta, fui um homem aos frangalhos, que vivia catando os cacos do seu próprio ser. Mas nunca exibi o desencanto de uma vida fracassada. Muito pelo contrário. Esforcei-me, sobremaneiramente, para saborear, no futuro, as delícias de quem veio, viu e venceu.
Se ainda não venci integralmente, estou vencendo. É o que importa. É a existência como ela é. A vida é uma guerra sutil e cheia de pequenas batalhas e armadilhas. Urge vencê-las em profusão para que a vitória seja cristalina e indiscutível.
Não quero riqueza, não quero fama, não quero gloria, não quero nada. Só quero saúde e coragem para a luta do dia a dia...
É a lição deixada por Alexandre, o Grande, da Macedônia: Ser enterrado com as mãos abertas fora do caixão, para que as pessoas percebam que a gente vem ao mundo com as mãos abertas, e voltamos da mesma forma, sem nada levar.
Eis a bela síntese da felicidade: mais sucesso e menos insucesso. Na soma algébrica, surge o sorriso vitorioso no canto da boca; clareia-se o franzir luzidio na testa; jorram lágrimas doces dos olhos marejados e pernas firmes sustentam um corpo elegantemente ereto.