A Tampa Mortuária
Acordei dentro de um caixão.
Não sei como enxergo tudo ali dentro.
Será que estou sonhando?
Olho para os lados e para a tampa logo acima.
Estou louco ou imaginando?
Eu vejo-me deitado dentro dum caixão.
O meu coração dispara e penso:
Quem me colocou aqui dentro?
Fiz um esforço ao arrebentar a amarra.
Tentei sem sucesso abrir a tampa.
Ouço o barulho que vem lá de cima.
Alguém joga terra com a pá.
Estou sendo enterrado.
Será que não percebem que estou vivo?
Não me lembro de nada do que antes aconteceu.
Até a roupa que uso é outra.
Qual motivo sou dado como morto?
O barulho sobre a tampa continua...
_ Há alguém ai?
O meu grito é de desespero.
Onde estou não penetra luz alguma.
Sinto o calor me sufocando.
Com um grito eu digo:
_ Quem está me enterrando?
A escuridão ao redor torna-se maior.
Não consigo levantar a tampa mortuária.
De repente vejo-me pelo lado de fora.
Estou em pé diante do meu próprio tumulo.
Vejo agora várias pessoas.
Nunca as vi na vida real.
Observo o rosto das pessoas que não conheço.
Quem elas são?
Não lembro-me de nenhuma.
Alguém a frente do caixão eu noto.
É uma mulher que está chorando.
Junto a ela há dois homens belos.
Agora entendo o que aconteceu.
Morri após um enfarto e não fui pro céu.
Ali no cemitério entre os inúmeros mausoléus
sou enterrado por quem me ama após o último adeus.
( J C L I S )
ESCREVI ONTEM E MELHOREI HOJE A CRÔNICA.
BELO HORIZONTE . MG.