Os Caminhos do (des) Amor
Atrevi-me a andar nas terras do (des) amor sem empunhar uma espada e, veja só, acabei ferida, arranhada pelos galhos da densa floresta nesse caminho sem volta.
Lá o clima é estranho, hora ensolarado, aconchegante, leve e fresco e de repente tudo muda, fica sombrio, torna-se tempestade. O tempo por vezes parece voar, em outras a gente só quer que acabe. Os sons também são algo a se decifrar: Não raro assemelham-se às mais sofisticadas melodias, pra depois igualarem-se à um grunhido de sufocamento.
Ao me aventurar nessa estrada topei com a desilusão pronta pra combate. Apanhei feio. Como sequelas, esses meus olhos que tu tanto achavas lindos hoje só refletem tristeza disfarçada de indiferença. Parte de mim se perdeu no caminho, a outra parte ficou com você.
A vida é uma sucessão de perdas, colibri. Te gabas da boa memória? Viver é sobre esquecer e, as vezes, algumas histórias de amor são individualistas. O amor que te dá asas é o mesmo que acorrenta uma bola de chumbo ao teu pé.
Não venha mentir para mim, não tente amenizar minha dor informando-me que encontrarei amores novos por aí. É inútil tentar me desiludir carregando-me de ilusões.
Deixe-me jazendo aqui com essa alma em putrefação. Bata as asas e não ouse olhar para trás.
No caminho do teu (des) amor, colibri, eu que somente integro a paisagem, não quero ser gaiola.