DIÁRIO [08/03/2016]

 
08/03/2016 12h39
OITO DE MARÇO
 
 
[Antes de ler, ou não ler, leiam as duas últimas frases].
 
Não sei porque, não gosto de datas comemorativas ou celebrativas. Em 1992, quando "comemoraram" os 500 anos de "descoberta" da América, o que sobrou foram questionamentos sobre se de fato era para se comemorar o referido evento: evento do qual resultou um massacre da população nativa. Ficou melhor assim, ao invés de comemorar, um dia ou, no caso, um ano inteiro votado à reflexão. O oito de maio foi escolhido em referência ao massacre feito contra as mulheres trabalhadoras. E isso quase não é lembrado. Remete-nos especificamente a luta pela igualdade de gênero no universo do trabalho, até onde isso fosse possível. Tratava-se também em referir à especificidade da condição feminina no trabalho, como no caso nos direitos associados à maternidade. Acho que não se trata de comemorar, sim de refletir. Quantas mulheres no dia de hoje serão violentadas pelo simples fato de serem mulheres? Porque determinadas funções são associadas à mulher e outras aos homens? O que as mulheres de fato querem? Serem tratadas como homens ou terem respeitadas as suas especificidades? Ou as duas coisas? O ser específico da condição feminina tem algo a contribuir à melhoria da humanidade? Como as mulheres têm se saído quando ocupam lugares tradicionalmente ocupados pelos homens? Vejo e leio alguns textos desse amontoado de textos laudatórios à mulher, e quase todos associam duas imagens à mulher: a mulher mãe/esposa e a mulher, talvez por isso, "guerreira". Quando imagens se repetem viram clichês, e clichês não aperfeiçoam, só sedimentam posições por meio de lugares-comuns pra lá de previsíveis. Eles estratificam o presente e o futuro. É preciso ter cuidado, esses textos me parecem machistas, como que implicitamente dizem como as mulheres devem ser. Mulher é termo que se refere a muita gente, aproximadamente metade da humanidade, e mais, a condição feminina não pode ser pensada sem o homem. Pensar a condição feminina é pensar a própria condição humana. Não vou ler mais desses textos "laudatórios"... E recomendo que também não leiam esse texto. É melhor que as próprias mulheres se digam.
 
 
Goiânia, 08 de março de 2016
 
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