RESPEITO PELO CHIMARRÃO
Numa manhã do outono de 1986 veio a ordem:
- O HPS Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre está reclamando que ninguém respeita a sinalização de trânsito na volta dele, manda o teu pessoal colocar ordem, mas não esquece, primeiro uma campanha de conscientização.
Siglas não são pessoas, siglas as vezes são esconderijos, quando precisamos de proteção, assim interpretei o silêncio ao perguntar sobre a pessoa que deveria ser procurada.
As ordens começam lá em cima e descem até serem executadas, mas sem antes receberem algumas interpretações pelo caminho:
- Precisamos de alguém com motocicleta que bote ordem no trânsito na volta do HPS! - disse eu!
Quem é o contato? Indagou o comandante do pelotão.
Eu sou o contato e vamos lá amanhã as oito horas! respondi.
Caminhamos rua por rua, todas tomadas por veículos estacionados onde eram proibido parada e estacionamento.
Aqui só o guincho e multa resolve foi a resposta do comandante do pelotão. Então amanhã será o dia de conscientização, comerás as seis horas, cada condutor que for estacionar alerta-o da proibição e diz que no dia seguinte os veículos serão guinchados. nove horas veio o aviso, Chimarrão havia sido vencido, enquanto avisava um, dois estacionavam e assim o dia de conscientização havia terminado as nove horas.
Nem bem terminara o terceiro dia de guinchamentos e notificações veio a interpelação:
- Não fizeram a campanha de conscientização? O pessoal está reclamando que estão guinchando todo mundo, que abriram uma indústria de multas!
Dadas as explicações o trabalho continuou, em 15 dias a conscientização pelos guinchamentos e notificações deu os resultados esperados e a industrias de guinchamentos e das multas quebrou estabelecendo-se numa média de três ou quatro guinchamentos e 20 autuações diárias, bem menos do que os 25 guinchamentos e 150 autuações atingidos no auge da conscientização.
A maioria dos infratores eram pessoas que trabalhavam no comércio local e algumas funcionárias do próprio HPS.
Moral da história: as pessoas se queixam do que as incomoda, mas não gostam das campanhas de conscientização.
Chimarrão era o apelido do motociclista que aplicou a campanha.