Amar é simples

Amar é complexo? Olha, complexo, é o Cabernet dotado de experiências sensitivas e transcendentais, que enchia, de cor e perfume, esta taça que saiu no fundinho da foto. Amar é simples, é "não sei se o mundo é bom, mas ele está melhor desde que você chegou". Amar é a imensidão do amor, que nada mais é que a doce agonia inquieta da alma. Amor é a constante e insaciável fome da essência, da presença, do som e timbre da voz conforme o estado emocional... do outro. Amar é "tô te ligando só pra saber como foi o seu dia, pra te dar boa noite e dizer que eu sinto a tua falta". Amor é o bater de asas de incontáveis borboletas dentro de nosso estômago. É falta de ar e mãos geladas. É para os defeitos.

Quem complica toda essa hipérbole antagonicamente ambígua e poética, é a gente. Porque é a gente que procrastina o "eu GOSTO de VOCÊ" e o "eu te amo". É a gente que tem essa mania besta de achar que o outro tem bola de cristal. É a gente que crê na pífia ideologia das regras do amor, melhor amiga daquela outra, do clamor do amor por teses explicativas e cargas de razão! Mas meu bem, deixa eu te contar... As pessoas morrem aos poucos quando sufocam o amor e brincam de conter o pobre coitado. A gente só descobre quem o outro é, o quê o agrada e o quê o chateia, na conversa e na convivência. O amor não tem regras, não; não tem data de validade e quiçá possui manual de instruções. O amor sobrevive a longas distâncias e longos períodos de ausência. Ele permanece forte às mais terríveis tempestades... Forte como os cedros do Líbano, ele suporta, inclusive, à dolorosa falta que o outro faz dentro de nós, porque ele sabe que o tempo de espera vale a pena.

O amor, meu bem, é alfa e ômega, nunca foi meio para nada, e sim um fim para todas as coisas, inclusive para e nele mesmo. A verdade, é que complexo é o ser humano, que chega até o amor do outro com mais expectativa do que deve, com mais manias e mente fechada do que nunca, se sentindo indisposto para lutar e criar situações, com a mente e a vida cheia de gente descartável, e muitas vezes, sem bom senso o suficiente pra sumir com todo esse lixo reciclável que junta bicho, pra deixar a casa arrumada, pronta pra receber alguém maiúsculo, que faz a gente pensar que o mundo girou só pra gente se encontrar.

"Os dispostos se atraem", meu bem. O amar não é complexo, não. E o amor é só uma bela imensidão, que se revela à nós dentro de um par de olhos. Amor é sujeito, amar é verbo, é complexo, é o ser-humano, que complica o simples.

Débora Cervelatti Oliveira
Enviado por Débora Cervelatti Oliveira em 06/03/2016
Código do texto: T5565498
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.