País das Alices?

Uma espetacular eficiência nos mostra cenas tétricas da vida atual do país: a social e a política. Notícia boa, nem pensar, exceto alguma perdida. Os protagonistas das crônicas diárias dos grandes jornais são conhecidos. Tudo somado das notícias atuais, nada sobra de proveitoso. A gente vê e escuta o que não quer!

O crime possui um sotaque entranhento, um cheiro forte, um grito alto. Não há como deixar de ouvi-lo e vê-lo. É-nos mostrado pela televisãona hora de nossas principais refeições . Cadê as maravilhas do país das Alices? Apenas a espada vemos. E como tem ceifado vidas!

Mas ganhamos um santo, recentemente, o Frei Galvão. Então é exagero meu. Nem tudo o que se noticia é ruim. O que não consigo entender é o porquê de termos fórmulas para criarmos santos – tão poucos- e tantos bandidos! Ninguém erra sozinho, não é mesmo? Então deve estar havendo algo de errado com nossa sociedade composta de poucos céus e inúmeros infernos.

Metem-nos tanto medo- pavor quase- as figuras verborrágicas que falsamente nos lideram, após roubar-nos o voto. As urnas eleitorais, comparo-as às máquinas caça-níqueis modernas: as duas vivem cheias de dinheiro. E as maiores barbáries continuam a sair dos gabinetes luxuosos do Brasil rico, o do eixo Sul-Sudeste , passando por Brasília, não a teimosa da grande Recife, mas a imperiosa incrustada no Planalto Central.

A Coréia do Sul clonou um lobo –fez dele dois clones- e mostrou-os oficialmente aos olhos do universo científico internacional. Acho que a ciência, nas mãos de alguns, anda misturando alhos com bugalhos. Seria tão mais fácil erradicar-se a fome na África antes de criarem-se esses frutos ricos e peçonhentos da ciência ultra- moderna, filigranada por um estranho desejo de evidenciar-se o incomum, o inusitado, o quase paranormal.

E, enquanto tudo isso é real, eis que real também se torna, aos olhos dos lobos da modernidade o que a rede de televisão Record pediu, por e-mail, para seus repórteres, por acaso da visita do Santo Padre, o Papa Bento XVI ao Brasil: que não o chamasse por Santidade. Que absurdo! Isso é ser superficial demais. Basta! E por acaso há o que se comentar desse vulgívago gesto? Acho que não!

Mas, graças a Deus – e acho que isso veio até como troco celestial – a operação Iscariotes, da nossa ágil Polícia Federal, descobriu os mais ágeis, ainda, ladrões do Cristo Redentor carioca. É que a quadrilha vinha subtraindo, nos últimos dois anos, mais de 300 mil reais por mês. Vinte e três acusados foram presos. Os bilheteiros embolsavam o dinheiro dos ingressos das vendas aos visitantes. Pode?

Estado Policial, país em desgoverno, qual seria o nome pior para que se rotulasse o retrato social e político do país hoje?

Abracemos então os náufragos, esperando que, no outro lado do mar, alguém sério possa mudar tudo isso. Estamos num barco singrador de mares revoltos e não nos faltará a coragem cívica para tanto.

Nem sempre o homem consegue guiar a sua história mas, por ela é vitimado. Haveremos, no entanto, de passar essa página de nossa história e entrar noutra, rapidamente. Nisso devemos crer. Ah! Sim!