A chuva
Nada como a chuva para lavar a alma quando se está em um dia meio assim. Sabe, um daqueles dias que, para você não faz diferença se é dia ou noite, o tempo passa mais depressa do que gostaria e te dá a impressão que tudo está do avesso. Hoje me parece um desses dias.
Eu sempre gostei da chuva, mas vim a apreciá-la mesmo, depois de ter lido o livro Caminhando na chuva, de Charles Kiefer. Mesmo muito simples, marcou-me muito aquele livro.
Era uma época difícil, confesso. E depois daquela leitura, vim a gostar cada vez mais de caminhar sob os pingos gelados da chuva. E veja bem, a melhor parte, são as ruas vazias. Onde antes as pessoas caminhavam e se apertavam entre uma vitrine e outra, mesmo que você fosse o melhor a se observar, com a chuva, seus expectadores nem se importam com você.
A chuva é um dos fatores naturais que igualam tudo. Na chuva todos se molham. Não importa se você tem guarda-chuva ou não. Os pés se encharcam, as canelas se umedecem. Na chuva não existe petista ou tucano, branco ou negro, gay ou Hétero. Na chuva todos somos iguais.
Alguns é claro odeiam ela. Tão molhada, tão arrogante. Quem ela pensa que é ? Fazer todo mundo de palhaço desse jeito. Compromissos adiados, roupas estragadas, sapatos sujos. Para alguns, a chuva é motivo de raiva e reclamações.
Mas para alguns poucos, e eu posso me encaixar nesses, a chuva é a calma, a paz. Ela, a soberana da tranquilidade e da serenidade pode até causar seus estragos, mas é tão bela. É como um daqueles cachorros fofos que, depois de ter bagunçado todo o lugar, você olha em seus olhos e enxerga o brilho de um olhar inocente. Não pode culpa-lo, bem como, você não pode culpar a chuva. Ela é o que é. E eu adoro que ela assim seja.
Entre pingos e a preguiça, a vida segue. No dia de hoje, o meio assim fica bem melhor com a água que cai de sua forma mais simples sobre todos nós. Que a chuva e sua igualdade seja sempre bem-vinda.