I
Perco-me em meio aos livros e as alucinações das lentes bifocais. Sonhos travestidos de pesadelos. Discos arranhados com solidão. Uma série de achismos. Nada de certeza.
Acendo as luzes dos olhos num disfarce neutro do escuro que vem de dentro. Reverso “in verso”. Presença do que não ficou.
Caixas empoeiradas de conteúdo duvidoso. O mel viscoso da saudade. Terras prometidas e distantes.
Sou melodia leve e decibéis prejudiciais. Dia de sol e noite de tempestade. Inverno e verão. Um cansaço espiritual crônico. Um mundo inventado tão batido que não venderia metade dos exemplares... À quem não sabe ler.
Insistência na desistência. Dos males o menor. Trago uma rosa na boca e um espinho na garganta. Ânsia de vômito causada por borboletas mortas fincadas à parede de um estômago saturado por expectativas frustradas.
Fique em silêncio. Valsemos apenas ao som de Let It Be. És capaz de me deixar ser?