Na Rede de minha Varanda.
A conturbada vida cotidiana empreendida pelo cidadão, na expectativa de cumprir a sua obrigação pessoal o leva, por vezes, a dispensar o imprescindível e merecido descanso, mesmo nos dias de folga.
Durante alguns anos vivenciei essa situação, na grande Rio de Janeiro, pois aproveitava os finais de semanas, livre da empresa estatal, onde era funcionário, para obter recursos extras, dirigindo por 14 horas seguidas o meu táxi. Essa bravura não me concedia tempo para desfrutar de um simples lazer, mas que eu sempre gostei, ou seja, descansar-me numa rede, do tipo nordestina.
A partir do ano de 1995, já aposentado e residindo na pequena e aconchegante cidade interiorana de Miguel Pereira, considerada internacionalmente como detentora do 3º melhor clima do mundo, iniciei com a graça de DEUS, o descanso que tanto almejava, com a possibilidade de obter maior índice de saúde, em razão de não mais conviver com a poluição oriunda daquela grande metrópole.
Dessa forma, venho aproveitando todos os momentos disponíveis, utilizando-me da rede também para refletir de maneira ponderada a respeito dos valores humanos e da tolerância com as aflições alheias.
A rede vem sendo ainda testemunha de minha intimidade com os livros de diversos autores, preocupado em adquirir conhecimentos literários que justifiquem não somente a minha posição na Academia de Letras do município de Paty do Alferes, bem como melhor proporcionar o intercâmbio cultural com os diversos seguimentos da sociedade.
É no aconchego da rede que aprecio o trabalho meticuloso do pássaro João de barro, construindo a sua casa no alto de um robusto galho da amendoeira, para agasalhar a sua ninhada.
No balanço da rede consigo fazer a sesta, após o almoço, recuperando as forças que me concedem vitalidade para dar continuidade ao trabalho gratificante levado a feito no jornalismo local, na academia e neste profícuo Recanto das Letras. Enfim, a minha rede significa vida!