ALICE

Hoje o dia foi duro, jornada dupla de serviço e quando chegou em casa Cinderela ainda tinha as tarefas do lar por fazer. Sentou-se no chão e chorou horas a fio as lágrimas caiam do seu rosto e molhavam o chão da cozinha. Entre as louças para lavar e as roupas espalhadas pela casa estava nossa moça no chão sofrendo.

Muitos passam pelos mesmos desafios dessa moça que sofre desesperadamente, porém ela acredita ser a única no mundo sozinha e com contas para pagar. No serviço é humilhada não pela madrasta má e suas filhas, mas pelos superiores e ela não entende porque o final feliz não chega nunca. Porque o príncipe encantado não aparece montado em seu cavalo branco a pega no colo e a salva de tudo isso. Cinderela quer entender o que se passa, quer compreender esse desespero dentro do seu coração. Quando seus superiores a repreendiam e ela calada ouvia e dava razão pensava sozinha consigo “ Até quando?”. Pois ela que esta em uma empresa nova sabe as consequências de desistir e ir embora, sabe que muda-se o lugar e os mesmo problemas ganham outros nomes e outras caras. Sem entender o que se passa achou mais fácil desabar, apesar de saber que amanhã será um novo dia e que as dificuldades estarão lá esperando por ela.

Príncipe encantado, oras.

Cinderela acredita ter plantado rosas e não entende porque colhe espinhos, e como esses a machucam . Alguém sentiu pena dessa moça? Eu não. Engole sapos, muitos engolem. Colhe espinhos, muitos colhem. Faz jornada dupla, muitos fazem. Então "Cinderela deve ser egoísta" todos ao seu redor pensam e essa moça sempre guardando para si o que realmente pensa, muitos acreditam que conhecem Cinderela, pobres, só veem até onde os olhos enxergam dentro não sabem como é.

Mar de rosas, ham.

Enfim, encerrou o dia sem nada fazer e foi dormir e levou para o mundo dos sonhos uma esperança a de que ao acordar tudo será diferente. Esperanças de um dia diferente, certezas de dias iguais. Seu nome não é Cinderela, mas sim Alice.