Dias difíceis na Chácara!

O dia amanheceu chuvoso, Helena levantou-se bem cedinho, e assim como todos os dias, passou o café feito no saco de pano. Ah, como era diferente e bom aquele aroma que saia do café recém-passado, café este colhido e torrado na sua própria chácara.

Helena estava preocupada, pois havia muito o que fazer na propriedade, apesar de não ser muito grande, era onde ela garantia o sustento dela e da pequena Andreia, a maior parte da renda vinha da plantação de bananas, as quais ela se orgulhava em dizer que eram as mais doces do Brasil, ou melhor, para ela eram as mais doces do mundo. Mas também tinha as plantas ornamentais, e principalmente as orquídeas, das quais Helena se dedicava pessoalmente, pois eram a sua paixão. As demais plantações eram apenas para consumo na propriedade.

Naquele dia, em especial, Helena havia falado com uns trabalhadores da colônia para virem , logo cedo para começarem a fazer o corte de banana. Com a chuva caindo bruscamente, teria que adiar mais um dia a colheita, daí a preocupação, pois se as frutas passassem da época da colheita, perderiam o valor de mercado, e o comprador poderia não querer aquele lote. E a chuva vinha castigando a região já havia alguns dias.

Por um instante Helena teve seu semblante sempre sereno e confiante, mudando repentinamente com àquele pensamento, e se isso acontecesse? Como as duas passariam os próximos meses? Como pagariam os trabalhadores, e as despesas que tiveram com o cultivo?

Era muito raro, mas naquele instante Helena estava sem esperanças. Lembrou-se de sua vida antiga, do luxo, dos mimos, das oportunidades de riqueza que tivera, e que abrira mão em nome de seu grande amor. Ah, se Carlos estivesse aqui, saberia o que fazer, saberia consola-la com as palavras certas, faria com que tivesse certeza que aquele nada mais era que um dia que começava ruim. Pensou em Deus e em Carlos naquele momento e pediu para que os dias de chuvas logo acabassem.

Então sentiu como se uma brisa leve tocasse sua testa, e uma onda de esperança tivesse tomado seu coração até então atormentado pela preocupação. Pensou consigo mesma, que sempre soubera como sair das situações mais difíceis, que sabia que ao escolher seguir lado a lado com Carlos, teria sua consequências, mas que enquanto tivesse saúde, dois braços, duas pernas e uma cabeça para pensar sempre conseguiria sair das situações que pudessem aparecer.

Além disso tudo, tinha a pequena Andréia, que era como um raio de sol em sua vida, que lhe dava toda a força e alegria para viver e enfrentar tudo e todos. Nisso, ela vê a pequena parada na porta, com o cabelo todo desgrenhado devido ao sono da noite passada, com as mãozinhas nos olhos, tentando afastar aquele restinho de sono que ficara e que não havia deixado ela levantar mais cedo.

- Hum mãe, que cheirinho gostoso de café! Adoro quando ele vem me tirar da cama... Tem bolo de fubá?

Helena, com os olhos cheios de lágrimas, abraçou a filha, deu-lhe um beijo carinhoso em sua face, e respondeu: -Claro meu anjo, vamos lavar este rostinho, e vamos tomar um café delicioso! A mãe fez o bolo que você quer, e ainda temos doce de morangos!

Tomou a pequena pelos braços e se dirigiram até o banheiro onde lavou o rostinho da pequena, e penteou o cabelo, e então, sentaram-se à mesa, para tomar o café da manhã.

A falta de esperança havia passado, como um passe de mágica, era o dom que a pequena Andreia tinha, o de fazer desaparecer os problemas com a sua simples presença.

Gordinha Caliente
Enviado por Gordinha Caliente em 26/02/2016
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