Corruptos e Aedes

CORRUPTOS E AEDES

Há duas espécies de animais causando graves danos à saúde dos cidadãos no Brasil: os políticos corruptos e o Aedes Aegypti.

Ambos se proliferam nas águas: estes nas águas paradas dos quintais, pneus amontoados, lixo não recolhido, tampas de garrafas, etc.; aqueles, nas águas da ganância, do poder exclusivista, da impunidade e da falta de caráter generalizada.

Se o Aedes provoca diversas moléstias virais nos seres humanos, como febres, hemorragias e o nascimento de bebês microcéfalos, a outra espécie – os corruptos – provocam sérios danos à sociedade, como a febre pelo lucro fácil, as hemorragias inestancáveis nos cofres públicos e o aparecimento de adultos microcéfalos, que se deixam levar por promessas miraculosas feitas em campanhas políticas cada vez mais mentirosas e inescrupulosas. Essas campanhas são verdadeiros criadouros dessa espécie virulenta que se infiltra nos vários escalões do poder, enfraquecendo o organismo social a olhos vistos.

As semelhanças nos ataques são muitas e comprováveis: ambos atacam, em pleno dia, as vítimas incautas e indefesas, que não percebem de imediato o risco que correm; a doença instala-se tempos depois, sem que o doente possa se defender ou sequer conhecer pessoalmente o mortal inimigo.

Quando se descobre um foco de A. Aegypti, levam-se dias para debelá-lo completamente, com o dispêndio de vultosas somas em inseticidas, larvicidas e pessoal treinado no esclarecimento da população. Assim também, quando se descobre um foco de corrupção, levam-se meses e recursos incalculáveis em investigações à procura de provas, movimentação da máquina policial e judiciária e a manutenção em presídios dos elementos comprovadamente culpados. (Ressalte-se que para essa espécie não há inseticidas nem se pode aplicar a pena capital).

Não adianta tratar os sintomas causados por essas duas pragas devastadoras, há que se travar luta feroz pela sua total extinção, via prevenção aos elementos perniciosos. A solução para ambos passaria pela Educação, pois uma população informada e consciente travaria diuturna guerra a possíveis focos de contaminação e os abortaria logo no início.

Mas sabemos que essa hipótese está distante, pois como os corruptos, que fazem e acontecem em cima do dinheiro público, trabalhariam em prol da Educação, que poria fim a eles mesmos? Para cortar o mal pela raiz, o ideal seria isolar todos os espécimes dessas duas espécies num mesmo ambiente e deixar que a Natureza fizesse o serviço.

De tanto ouvir falar sobre esse mosquito de origem africana, veio-me a curiosidade de saber o significado de seu nome, e descobri que Aedes origina-se do grego e significa odioso e Aegypti significa: do Egito. Assim, acho que podemos batizar aquela outra espécie de Aedes Corruptus Brasiliensis.