CASARIOS COLONIAIS RELIGIOSOS

CASARIOS COLONIAIS RELIGIOSOS

Construções maravilhosas, com ricos pormenores que não passam despercebidos.

Uma diversidade de estilos e riqueza de detalhes que variam, instigam, encantam e atiçam a curiosidade...

Somos um País ainda novo, mas com obras que foram construídas pelos “homens de ofício” de outras plagas, que aqui deixaram, de forma marcante, a suntuosidade da arte que dominavam.

São construções que precisamos observar desde a sua localização até os primores do material utilizado nelas, como o cedro, o jacarandá, o mármore, o ouro as pedras e tijolos.

As pinturas de quadros e paredes, as madeiras esculpidas em altares, bancos, cômodas, estátuas, a construção e formato dos telhados são um capítulo à parte, com a criatividade finíssima e bem elaborada de cada um deles, como se fossem realizados com o objetivo primordial de oferta a um Deus que merecia qualquer esforço dispendido, nos incontáveis dias que os levariam a obter o resultado almejado.

Com fortes e largas pilastras, levantadas a espaços regulares, formando, às vezes, um quadrado, os avarandados com um andar superior e sacadas em madeiras torneadas são voltados para um jardim interno, muitas vezes decorados com fontes e esculturas arquitetonicamente bem projetadas. Outros, menores, mais simples, parecem ser apenas um estímulo à meditação solitária, que pode ou não ser acompanhada de momentos de tristeza.

Nas visitas que faço, em algumas cidades, registro um sem número de imagens que me fazem viajar no tempo e na imaginação. Enquanto a fascinação me domina não percebo as sensações que afloram, posteriormente, revendo as fotos.

Apesar de toda a beleza e toda a admiração que sinto, esses jardins contornados pelos avarandados, especialmente os de tamanho pequeno e sem decoração especial, deixam em mim um pouco de angústia, pois não me sentiria livre - mesmo em pensamento – se ali tivesse vivido. Eu não consigo considerar que a paz que ali pudesse reinar fosse um gatilho para a alegria verdadeira e interior de muitos que lá se recolheram em busca de maior proximidade com o Altíssimo.

Atualmente, as escolhas de um retiro espiritual de duração indeterminada são mais espontâneas, eu creio, Possivelmente, as orientações religiosas também promovendo a proximidade das atividades sacras com a realidade humana mais necessitada de ajuda torne esses ambientes, após a dura batalha contra os que precisam de consolo, cura, conforto espiritual e alimentação, em um “oásis de paz” para os missionários, e as orações perfumem esses claustros, como incensos que sobem aos céus.

Dalva da Trindade de S. Oliveira

(Dalva Trindade)

24.02.2016