DO PANELAÇO, PELO BUZINAÇO...AO TODO FRACASSO:
Hoje minha intenção não é rimar, mas é falar que ontem aconteceu algo inédito, ao menos aqui no meu pedaço, momento em que, frente ao cansaço do dia dei uma cochiladinha e logo acordei assustada com um barulhão urbano dos diabos.
Não era a toa.
A televisão, mais uma vez, em cadeia nacional de propaganda politica nos mostrava algo: uma fala que desagradava a multidão em massa.
Fui à janela e a cidade, já escura pela ida do horário de verão, mais parecia um presépio com um pisca-pisca imenso, a se perder de vista na imensidão de luzes que se acendiam e se apagavam, e os gritos em uníssono, não eram em tom de oração, mas em tom fustigante de reclamação coletiva.
Foi impressionante o que aconteceu por aqui.
Se ouvia vozes de homens, mulheres e crianças, todos em coro, com palavras que eu não as poderia escrever por aqui porque não ficaria bem.
Palavras muito pesadas...
Alguém poderia dizer:"ah, mas foi a elite coxinha"!
Não meus amigos, não foi. Se bobear tinha até empadinha descontente falando palavra de baixo calão.
Mas advirto sobre a sociologia do momento: como os preços do supermercado aumentaram demais, pontuando 1,5% de inflação nos últimos 30 dias, percebi que era mesmo o grito das panelas vazias do bairro todo, bem democraticamente: dos sem coxas, dos sem empadas, e dos sem " feijão com arroz, nem a pão e bananas!" , já que no meu bairro também há muitas comunidades ao derredor que batiam as panelas vazias juntamente com a "pseudo elite" eleita pelas más línguas que implementam discórdias sociais; mas aqui, todos absolutamente brasileiros trabalhadores juntos, que já não aguentam mais nosso estado de coisas lamentáveis e vergonhosas, esse de se dar bananas a preço de ouro ao trabalho do povo, a custa de inflação, desemprego e de impostos!.
Coisa de louco...de se ouvir e de se ver, o que ocorreu ontem.
Dava é medo...de eventualmente se ser o protagonista televisivo daquela confusão toda.
Ninguém ouviu discurso político algum, embora há os entendidos que digam que foi o discurso mais vazio da história do fracasso do nosso atual caminho.
Quem estava no buzinaço? Vou contar: pela janela vi que eram aqueles que voltavam do trabalho exaustos dum dia de matar leões para pagar todos os patos já impagáveis, voltavam através dos automóveis, bicicletas e busões, tinha até camelôs e os puxadores de carroças, todos absolutamente parados no trânsito que não anda pelo excesso de muita coisa que atrapalha.
Chuvas e buracos são os campeões da paradeira geral.
Acendiam e apagavam suas lanternas, gritavam seus desalentos em coro, e claro, a sociologia nos mostrava que Democracia é algo de todo mundo junto mesmo.
O que aprendi: aquilo que Cazuza falava: "todo mundo é igual quando sente dor".
Aqui no meu Bairro, o que vi ontem, nos deixou um grande aprendizado político para a posteridade: não tentem dividir a população que dói, mesmo que suas dores tenham deflagadores nocioceptivos diferentes.
Não deu certo, ô gente da discórdia!
Brasileiro decente-a maioria!- é gente de Paz...
A tentativa de divisão social deu pelos narizes, que perceberam o "cheirinho" das mentiras crônicas na pele e também pelas "guelas" unidas que soltaram o verbo pela razão: guelas unidas jamais serão vencidas.
Bonito de se ver...que o povo, mesmo que pareça morto, tá é bem vivo!
E que a vontade de Justiça está mais pulsante do que nunca, EM TODAS AS CLASSES SOCIAIS trabalhadoras.
Foi assim que senti...com a pele arrepiada.
Quando o assunto é sério...sempre termino rezando: peço a Deus que jamais permita que a voz da verdade se cale entre nós.
Essa verdade que, a despeito das tentativas de dissuadí-la, vazou por debaixo do tapete de todas as maquinadas lamas...
E derreteu-se a mentira a céu aberto, entre panelas rachadas, vozes indignadas e buzinas alopradas.
É lama a se perder de vista...das soluções imediatas.