Controle hilário do peso

Sou um véio doente: asmático, hipertenso, tenho labirintite, sou obeso, necessito controlar o peso, baixar o lombo, me privar de muita coisa. Como é triste não poder comer o que se gosta e nem beber uma cachacinha.

No tocante ao controle do peso, relaxo, como um bocado, a maioria das iguarias pesadas escondido da família. E mesmo em casa exagero como cinco e às vezes seis pães francês por dia com queijo de coalho assado, aquelas toras de queijo. Por isso o peso aumenta e tenho que controlá-lo fechando a boca. Uso a balança? Não, não confio nelas, nem nas das farmácias e nem em uma que comprei miudinha, acho que chinesa, é de banheiro, nem miudinha, uma merda. Mas há outros meios de aferir o peso. É fácil, poderia usar o método dos botões da camisa, quando estão se abrindo é sinal que estamos engordando, só que não uso camisa de botão, só velhas camisas folgadas de malha que não denunciam o aumento do peso. Poderia também usar as casas do cinturão, mas não uso cinturão, só velhas bermudas de elásticos e de cordão. Então o que me resta para aferir se estou engordando. Ora, a pulseira do relógio. Vejam bem, uso um relógio todo arranhado, Seiko automático e tirei a pulseria de aço porque belescava no braço, substitui por uma de couro, já troquei ene vezes. Pois bem, quando fica apertando e tenho que mudar da casa, daquele buraquinho costumeiro, sei que engordei e que preciso contriolar o peso. Estão rindo? Não deveriam, é verdade. Juro. É tiro e queda, fecho a boca e só volto a fazer extravagãncia, ou seja, comer o que gosto quando posso voltar a colocar o pinozinho da pulseira no buraquinho antigo, na casinha antiga.

Médico? Olha, médico, barata, rato e alma eu corro léguas, tenho um medo danada, me cago de medo. Prefiro o meu método. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 24/02/2016
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