Eu presencio cada cena!
 
Até passo a me perguntar:- Seriam estas as novas regras para a atual criação dos filhos?  O pai está a conversar com seus amigos numa mesa para quatro pessoas. De vez em quando ele dá uma olhada no jogo transmitido pela TV, e também toma sua cerveja. A mãe, encostada ao batente da porta, fala com alguém ao celular. O filho deles corre solto e sozinho entre as mesas da lanchonete. Ele aparenta ter no máximo cinco anos. De repente, a mãe muda de lugar, e fica na calçada, meio ao lado da lanchonete. O menino fica aflito, pergunta ao pai:- Cadê a mãe?! – O pai lhe responde:- Está lá fora, veado! – O menino vai ao encontro da mãe, e grita:- Mãe! Pensei que você tivesse ido embora. Ela que continua atada ao celular, pelo menos há cinquenta minutos, nem olha para o filho, e faz de conta que não ouviu. O menino fica meio desapontado, com ar de choro. Na volta, ele passa por uma mesa, pega um palito de dente e se põe a chupar o filete de madeira. O pai então fala para o garoto:- Pega na geladeira um refrigerante que você gosta. – O menino segue devagar até lá, escolhe um, arranca com dificuldade a tampinha, e se põe a tomar. Nisso, nem sei o porquê, eu me lembrei daquele filme Juventude Transviada (Rebel without a cause), de 1955, e pensei que o nome desta crônica deveria ser Meninice Abandonada.
Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 23/02/2016
Reeditado em 23/02/2016
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