O poder muda as pessoas
Então, a semana começa e eu não tive a chance de experimentar poder algum. O máximo que eu consegui foi escolher o sabor do meu sorvete de morango que, aliás, derreteu mais rápido do que eu gostaria. Maldito calor destruidor de sorvetes.
Pois bem, enquanto eu saboreio meu delicioso sorvete imaginário, irei continuar falando sobre como o poder muda as pessoas. E isso é um fenômeno, acredito eu, muito nosso. O poder nos faz perder a cabeça. Praticamente encarnamos um fantasma em nós mesmos.
Não é difícil você encontrar pessoas que, enquanto precisam de ajuda para conseguir chegar a algum lugar, são anjos travestidos de homens. Mas quando chegam lá e percebem o poder que agora tem em suas mãos, esquecem completamente de quem os ajudou. Muito mais do que isso, esquecem do que eram. Mas por que isso acontece?
Um dos motivos, acredito eu, está no fato de que, quem chega no poder, percebe ou acha que é intocável e não precisa temer ninguém. Naturalmente ele também ganha uma grandeza nunca antes apreciada pelo mesmo e, possivelmente, vai acabar acreditando que andar com pessoas "normais" o deixaria enfraquecido.
É a tal da aparência. Sempre tente parecer tão poderoso quanto você é, e nunca perca a pose. Essa são regras fundamentais a todo bom poderoso.
E dizendo isso, tem-se o resumo da política Brasileira. Aliás, não só da política, porque isso é regra em vários setores, mas na política isso é explícito. O poder é deles, não nosso. Daí eu posso humildemente perguntar: Quem financia esse poder todo? Ora essa, a gente. Nós damos poder para que eles possam fazer o que bem entendem. E por que não reclamamos disso? Bom, até reclamamos, mas nada pode ser feito para mudar, não é? Na verdade, pode sim. Nós podemos. Mas poucos são os que efetivamente reclamam e querem mudanças.
Pagamos caro, assim como a internet é ruim e pagamos caro, os automóveis são os mais caros, mas ainda assim pagamos. Tudo é aceitável num país onde você não pode bater o pé e reclamar. Você tem de ostentar. Mostrar que pode pagar, mesmo que você poderia ter pago bem menos. Assim somos nós, burros ostentadores.
E digo mais, nós temos vergonha de parecer menos do que realmente somos. Ou até parecer o que realmente somos, porque no Brasil, poucos são aqueles que realmente tem dinheiro para comprar um carro zero, com o preço que está, com toda a facilidade que muitos demonstram. Mostrar para os outros que somos um povo em sua maioria pobre, predominado por uma classe trabalhadora? Jamais. Nós somos ricos. Nós podemos pagar. Querendo ou não admitir, nos falta um pouco de humildade.
Ok, desvie-me do assunto, mas não faz mal, ainda tenho muito a falar mesmo. Aliás, com esse calor, já sinto saudade daquele sorvete que se foi.