Ler x escrever
Um dia a gente pensa que é poetisa e começa a fazer rimas com nossos sentimentos, a expressar em versos coisas rotineiras, a descrever momentos que certamente só foram profundos e importantes para nós mesmos...
Registros que se tornam hábitos quase incontroláveis de casos ouvidos aleatoriamente, de histórias nossas e de outros, de pensamentos soltos e cismas comuns... Vontade de se comunicar da maneira que pensamos saber, de derramar no mundo nossas impressões sobre ele mesmo, nossa peculiar visão, pequenos frutos de algumas experiências tristes ou felizes...
Quem gosta de ler, gosta de escrever! Comigo é assim e não devo ser diferente dos demais nessa questão!
Quando criança, em época de aprender a ler, pedia livros de Monteiro Lobato ao “papai Noel”, nunca brinquedos! Brincar já era o bastante na xácara onde me criei, mas ler era especial...
Descobri Robson Crusoé aos 8 anos e assim aprendi a viajar sem sair de casa. Depois de sentir o gostinho, nunca mais parei!
Tive sempre um diário na cabeceira da cama para escrever de noite e sobre ele um livro que me acompanhava por todos os lugares durante o dia... Anotava sonhos e lia sobre como interpretá-los e quanto mais aprendia, mais sonhava...
O tempo passou e percebi que as ciências humanas me interessavam muito, mas encontrei grande forma de expressão também nas artes, nos desenhos, nas pinturas, na marcenaria... Enfim, o prazer em criar foi a grande descoberta, essa é a verdade!
Aos poucos construí uma biblioteca bastante farta mas, por contingências da vida e diminuição de espaços quis um dia doar minhas coleções, meus livros de Veríssimo, Machado de Assis, Eça de Queiroz, entre tantos outros clássicos, maravilhosos e imprescindíveis porém, qual não foi a minha tristeza em perceber o quanto era difícil fazer isso!
Visitei escolas, lugar onde as bibliotecas me fascinavam, e nenhuma se mostrou capaz de aceitar minha oferta... Então, arrumei todos numa caixa de papelão e deixei na porta da minha casa à disposição de quem quisesse! Foi melhor assim, pois rapidamente a caixa se esvaziou e os livros se perderam nas mãos de quem realmente queria ler e lhes dava o devido valor! Acompanhei tudo de perto e me senti muito gratificada em testemunhar isso!
Fiquei com os raros, os esgotados, os que ainda quero e posso reler, os de estudo e de consulta adequados à minha formação e que me acompanharão até o atravessar do “portal” dessa existência!
Hoje, sou bastante seletiva nas minhas leituras, entretanto nunca as abandono e, já sentindo o cansaço da caminhada, me sinto feliz em ter ao meu dispor tanta informação, tantas formas de expressão, tanto gosto ainda em aprender, tanta certeza do muito ainda a realizar!
Escrever virou uma necessidade, um hábito enraizado que não se importa em ser perfeito, em cumprir normas ou se enquadrar na erudição dos consagrados... É apenas um prazer, uma alegria, uma maneira de expressar meu pensamento, naquele momento em que o tempo parece me mostrar que nada é mais importante do que divagar nas palavras ansiosas por dizer do meu sentir, seja como for... Como agora, por exemplo!