LEVEZA EM PENSAR. UMBERTO ECO.
Umberto Eco humanizou a literatura. O filósofo e grande mestre da semiótica, conhecido porém fartamente como escritor de ponta.
Disse em conferência em Paris que escritores deviam fazer uma revolução na política, porém afirmava que não conseguem “mudar o mundo”. Pudessem escritores de boas ideias mudarem o mundo, não estaríamos, faz milênios, na mesma estrada de desencontros. E não precisamos de escritores, Cristo nada escreveu, bastaria seu ensinamento.
"Número Zero", seu último livro, publicado no ano passado, abre uma janela sobre o jornalismo em seus costumes e abrangência.
Fazia jornalismo em inúmeros jornais europeus e americanos.
Sendo figura importante e principal teórico europeu de semiótica, causou polêmica sua realística manifestação sobre a “imbecilidade” na internet. Um grande mestre na comunicação, na arte da semiótica, incomodou por falar a verdade. Para quem qualquer manifestação de linguagem verbal e visual merece atenção, resulta definitiva a posição induvidosa que não passa a mão na cabeça de tolices. A respeito disse Ancelmo Gois, colunista de O Globo, ao noticiar sua morte, que:"O autor de " O Nome da Rosa" foi certeiro quando disse que "as redes sociais deram voz a legião de imbecis". E Zuenir Ventura, mesmo jornal, falando sobre o grande semiólogo acrescenta:" Não foi por preconceito contra novidades que Eco criticou a internet ao dar a palavra a uma "legião de imbecis". Ele podia exagerar, mas sabia das coisas."
E não é inverdade que hoje todos podem falar tudo com alguma repercussão, mas somente na internet repercutem imbecilidades. Chame-se a repercussão de publicidade mínima, mas ocorre.
Quem ousaria contestar o grande mestre, somente um tolo qualquer, um imbecil de rede ou blogueiro, como disse da internet. E alguns imbecis assim se portaram, autenticando a fala do filósofo.
Umberto Eco pontificava da amplitude de sua observação semiótica, que não recusava dizer o óbvio, embora qualquer míope veja esse adjetivo por ele usado habitar a internet.
Direito de contestar é livre, autoridade para contestar é outra coisa.
Umberto Eco, professor, conferencista e Mestre Universitário das mais nomeadas academias mundiais, americanas e europeias, notadamente na Itália, em Milão e Florença. No reverenciado Colégio de França, era recebido como Mestre maior, local onde leccionam os mais sufragados catedráticos do mundo inteiro.
Perde o mundo a leveza de pensar e dizer a verdade sem medo, para ser humano.