A guitarra de Daniel


 
        Estava novamente no palco e, pela primeira vez, seria acompanhada pela guitarra de Daniel.
        Antes das luzes se apagarem pude ver, na plateia, minha mãe, jovem e bela, meu irmão com os cabelos todos pretos, minhas três mosqueteiras, Maria Helena, Taís, Valéria, minha sobrinha Amanda, minha tia Verônica dos velhos tempos, Bel, Eunice, Teresa, e também Rubem ainda com seu bigode e seu rabo-de-cavalo, e Geraldo ainda com o olhar brilhante da nossa juventude, e também Omar com sua sempre especial antena poética, e Cecília, nosso sempre anjo da guarda e, diretamente vindos do Plano Mais Alto, minha avó Francisca com meu pai, Luiz.
           Daniel e eu trocamos um olhar, as luzes se apagaram, as notas iniciais na guitarra se fizeram ouvir, imediatamente seguidas pelo som das nossas vozes... as vozes de nós dois... tudo de repente estilhaçado pela luz impiedosa da manhã.
 
 
Na manhã de 16 de abril de 2011.