Vista do bispo diocesano
 
Luiz Carlos Pais
 
 
O Bispado de Guaxupé, MG,  foi criado por um decreto do Papa Bento XV, de 3 de fevereiro de 1916. Três meses depois, foi instalado no dia 28 de maio do mesmo ano, sob a supervisão do arcebispo de Mariana. Logo que foi nomeado primeiro administrador apostólico da Diocese, o bispo Antônio Augusto de Assis fez uma visita pastoral a São Sebastião do Paraíso. Na ocasião, estava acompanhado de uma comitiva composta pelo seu secretário padre Braz Fago, pelo monsenhor Theophilo Guimarães e pelos padres Manoel Brito Franco, Adolpho Carneiro e Cypriano Canto.
 
O pároco José Philippe da Silveira que havia tomado posse há dois anos organizou uma comissão de recepção composta por personalidades da comunidade. Tudo foi pensado para recepcionar o bispo da melhor maneira possível na histórica visitação. Para dar mais imponência à recepção, a comissão deslocou-se até Monte Santo, pelo expresso ferroviário da Mogiana, para dar boas vindas ao bispo. Ao aproximar do horário da chegada do comboio ferroviário a São Sebastião do Paraíso, formou-se uma grande massa popular na praça existente em frente à estação.
 
Estavam presentes diversas autoridades, representantes das associações católicas, estudantes, professores e o povo de modo geral. Uma animada banda de música estava a postos para homenagear o ilustre visitante. Após receber os comprimentos das autoridades, o bispo e a comitiva fizeram uma caminhada até a residência do cônego Philippe da Silveira, onde ficaram hospedados. No dia seguinte, o primeiro compromisso foi rezar uma missa solene e proceder a uma benção especial da Igreja Matriz, cuja construção havia sido terminada há pouco. Na noite do mesmo dia houve uma manifestação pública na praça central, ocasião em que autoridades expressaram, em nome do município, as manifestações de estimas aos ilustres visitantes.
 
Em nome dos políticos locais, discursou o advogado e escritor José de Souza Soares. Esse evento terminou com uma benção proferida pelo bispo, desejando saúde e prosperidade aos paraisenses. Durante a visita, o bispo ministrou diversos sacramentos aos membros da comunidade católica paraisense, visitou pessoas enfermas e ainda conferenciou com algumas autoridades locais. São informações publicadas no jornal “O Paiz”, do Rio de Janeiro, de 7 de Março de 1916.
 
Na mesma coluna reservada à notícia da visita pastoral, o correspondente local descreveu outros eventos importantes da cidade. Foi divulgado que o advogado Souza Soares havia oferecido um elegante jantar para recepcionar o padre Manoel de Brito Franco e o advogado Dolores de Brito Franco, que havia acabado de concluir o curso de direito na Faculdade de Direito de São Paulo.
 
Finalmente, podemos recuperar um traço da economia do município, que estava em franca expansão. O serviço federal de recebimento de impostos de São Sebastião do Paraíso, então denominado “Coletoria Federal”, anunciou que a renda auferida no município no ano de 1915 havia sido de 29 contos reis. Um recorde não somente no município, mas em todo o sudoeste mineiro.

Naquele momento, ainda ecoava o brilho da grande festa, ocorrida no dia 1º de fevereiro de 1916, dos festejos de inauguração do Grupo Escolar Campos do Amaral. Foi ainda publicado os agradecimentos à comissão promotora composta por Adherbal Ramos, Diaulas de Carvalho, Antônio Amaral, Gustavo Godinho e Hermantino Paula, que organizou todo o programa dos festejos que marcaram a história da educação de São Sebastião do Paraíso.