A origem de Helena!

Todos sabiam que Helena era mulher diferente, despertava nas pessoas, principalmente nas mulheres, sentimentos controversos, assim como era admirada, ao mesmo tempo era invejada.

Chegara na Colônia faziam oito anos, ninguém nunca soube ao certo a sua origem, sabiam apenas que ela e o esposo Carlos, cuja origem era da colônia, e que havia partido em busca de novos caminhos em outro estado, se conheceram em uma grande fazenda onde o mesmo era capataz, responsável pela fazenda e principalmente pela doma de cavalos.

Carlos era um homem bonito, forte, com aparência rude, mãos calejadas pelo trabalho, era admirado e respeitado por todos da colônia, pois era bom de coração, honesto e trabalhador, um verdadeiro homem de família como costumavam falar por lá. Tivera um destino triste, pois morrera quando Andréia tinha apenas 5 anos, após uma queda de cavalo, deixando a menina e a bela esposa.

Helena era mulher de fibra, apesar de ver todos os seus sonhos serem enterrados junto ao esposo, não sucumbiu à tristeza, manteve-se firme, pois sabia que a pequena Andreia agora tinha apenas ela como referência e esperança de vida!

Mas a verdade não era essa, Andréia tinha um avô, que morava no estado de São Paulo, era dono de uma fazenda de café e tinha grandes posses.

Sim, Helena era mulher fina, rica, estudou nos melhores colégios e teve uma das melhores educações que qualquer pessoa daquela colônia jamais poderia imaginar. Fora criada com mimos, vestia as melhores roupas, tinha os melhores perfumes. Sempre foi linda, sempre gostou de ser admirada pela sua grande beleza.

Apesar de todos os mimos que tinha, sempre se sentiu aprisionada, como se vivesse em um mundo de falsidade, de pessoas que ficavam perto dela apenas pelo que ela tinha, e não por serem suas amigas verdadeiras e não por admirá-la pelo que era.

Tinha como pretendentes os homens mais belos e bem sucedidos, porém todos fúteis, todos andavam ao seu lado como se estivessem exibindo um troféu para a sociedade. Realmente era uma jovem infeliz, sentia como se jamais tivesse nascido para aquela vida, sentia como se seu destino estivesse longe de toda aquela riqueza, de toda aquela vida badalada. Foram diversas vezes que Helena desejara ter nascido pobre, não miserável, mas que pudesse ter uma vida modesta, tivesse um esposo que a amasse e filhos para alegrar a sua casa.

Mas por algum motivo, nascera rica, seu pai era poderoso, e como todos os pais queria um futuro maravilhoso para sua filha, um futuro de luxo, ao lado de um homem bem sucedido, com um apartamento luxuoso em uma cobertura, na capital do estado.

Sim, apesar de ser dono de uma grande fazenda de café, Antônio morava com a família na capital. Helena, sempre gostou da fazenda, tinha um saudosismo muito grande quando lembrava da sua infância lá, com Dona Rosa, que fazia suas comidas preferidas, e parecia que ainda lembrava do gosto que jamais encontrará algo que se assemelhasse com tamanho sabor. Ah, que saudades Helena tinha, saudades do cheiro do mato, das águas batendo nas pedras, dos banhos de rio, da cachoeira maravilhosa que tinha naquele lugar, dos passeios à cavalo, de comer manga direto do pé. Lembrava de cada detalhe de sua infância, de quando era deixada livre por lá, de quando podia se sujar e ninguém lhe chamava a atenção. Helena sempre ia para a fazenda com seu pai, pois a mãe nunca gostou de lá, então enquanto o pai tratava dos assuntos da fazenda deixava a pequena sob os cuidados de Dona Rosa, que com a ajuda da filha Maria, deixavam a criança viver como tal, viver como toda criança deveria ter a oportunidade de viver, de andar descalço pela grama, de se sujar no barro, de correr, brincar, e viver sem medo da maldade que hoje o mundo as cerca.

Porém quando a menina ganhou idade de ir para a escola, foi mandada para estudar em um colégio interno, e depois foi para a faculdade, onde cursou Medicina, e nunca mais voltou para a fazenda, guardando apenas em sua mente as lembranças de lá, lembranças da única época em que se sentira realmente feliz!