O Calendário
Hoje pensei em te procurar por aí. Contar-te da agressão e solitude que esse teu silêncio me traz. Quase atravessei aquela porta de vidro em busca exacerbada da tua presença. Entretanto, uma visão me fez parar: Na parede, contrastando com o colorido floral, jazia um calendário circulado em vermelho no dia anterior. Aquele pedaço de papel-cartão marcava o passado. Exatamente o marco que me tornei no calendário da tua vida e tu te tornaste no meu... Os dias passam, afinal, até mesmo os felizes e, no fim, somos só um amontoado de memórias sujas e empoeiradas as quais ninguém deve revirar. Ao invés de prosseguir na minha busca masoquista armei-me com uma garrafa daquele vinho barato que tem sabor de você. Sorri. A vontade de dar melodia ao teu silêncio desapareceu. Parei de valsar sozinha no salão do amor. Tu me fizeste passado. E eu estou me proporcionando um novo presente de presente...