basbaque paulistano
No alto as nuvens grávidas de chuva, formavam um belíssimo quadro em harmonia com as árvores e torres enormes da avenida Paulista, sobre essa vista poderia dizer-se que as nuvens cinza escuro coloriam o imenso cenário; o prédio oblíquo da fiesp a divisar a estação Trianon masp, os incessantes subir e descer de tons de vermelho e verde dos semáforos! E o que dizer do prédio da gazeta? Paisagem mais paulistana há de haver?
Já arranjei muito emprego prá estes lados da cidade, digo, da avenida Paulista, além de protestar sobre o vão livre do masp fantasiado de vaca malhada contra o desmatamento para criação de pasto na Amazônia, quando era voluntário no greenpeace (ironia das ironias, pois tornara me depois o Maior “desmatador” ... mas bem, a ideia não é falar de natureza agora e sim da Urbes escura).
Outrora atravessei a de ponta a ponta, de pés ou de trem subterrâneo, poderia contar sobre quando aqui cruzei a linha de chegada da são silvestre, mas não! Perco me em devaneios – mas Deus meu, há de existir cinzas mais coloridos pintados no céu de Sampa? Terá uma tarde mais suprema este ano? E por que um céu negro de tempestade alegra minha alma? Por que a possibilidade de caos e chuva me conforta?
Talvez me torne um idiota, com aquele olhar perdido, mas...devaneios! nuvens velozes passam, vão chover noutras áreas da cidade e uma cortina se abre como um buraco de fechadura aonde espia se um triste azul de verão. Lá se foram os cinzas, as torrentes e o trânsito imóvel!
Há tempos rompi com as cores e frutas daqui, deixei de entender vossos significados urbanos – à mim importa observar ao anoitecer um escritor sentado sozinho no restaurante na rua capote valente, procurando personagens e cenários para seus contos, passava os olhos pelas mesas, tudo, absolutamente tudo deveria ser parte de sua obra, as garrafas, as comidas, os talhares, o cinzeiro e o cigarro entre os dedos da moça de óculos. Há remédio para isso? Quero dizer, há remédio para um basbaque paulistano?