Sociedade Líquida
Passei pela feira e vi lindas rosas na barraquinha, "quer comprar, moça?"
Fiquei a pensar: não se pode mais admirar as coisas, que temos que comprar?
Nas calçadas, não podemos andar, que as pessoas vendem de tudo, e perguntam: já tem cartão? Venha fazer o seu cartão! E eu penso: Eu quero somente passar!
Hoje tudo se compra, tudo se negocia, nunca lhe dão algo, nunca estão a lhe oferecer, mas apenas vender.
Quais são os valores que temos para dar?
Existem valores, sim, monetários!
Vi algo raro essa semana: um senhor, que trabalha na padaria, deu comida para um menino que estava pedindo esmola. Isso é caridade!
Talvez essa palavra esteja tão cheia de poeira quanto a Bíblia de muitas pessoas.
Se a sociedade é líquida, como diz Bauman, é porque ela não é "sólida"! Ela escorre entre os dedos, escorre para os bueiros, tudo se dissolve tão rápido, que amanhã já não sabemos quem nós somos e de quem nós esquecemos.
É um consumo que nos consome. Nós estamos nos diluindo. Perdemos os valores morais, mas temos os valores materiais.
Quero ainda ver rosas nos jardins e não apenas nas feiras. Quero ver abraços sinceros sem querer algo em troca. Quero ter a amizade que tudo espera e tudo suporta. Isso é amor, pois amar de verdade é tão além da nossa imaginação!
Quando olharmos mais para o céu e esquecermos por um minuto que temos dinheiro no bolso, quando esquecermos o celular em casa e andarmos na rua sentindo a vida, talvez encontremos boa parte da solução dos nossos problemas.
Uma coisa é ter a necessidade e outra é ser escravo de algo ou de alguém. Que tipo de liberdade você tem? Pense nisso. Penso que irão dizer: "Mas, estamos envolvidos no processo e todo mundo precisa de dinheiro para sobreviver". Tudo bem, porém não precisa deixar de trabalhar para mudar a sua consciência, ou pelo menos, usá-la.