GUARDA - VIDAS DAS PRAIAS DO BRASIL: A SOLIDARIEDADE QUE SALVA
Para ser mais exato, no dia 05/01/2016, numa bela manhã ensolarada, na capital brasileira do mergulho, Arraial do Cabo – Rio de Janeiro, estava eu desfrutando dessas maravilhas que só a natureza nos oferta. Sob um guarda-sol que me protegia da intensidade do calor, lia um livro, sentado em uma confortável cadeira, quando, de repente, houve uma intensa correria, gritos e banhistas que se encontravam na praia apontando para o mar, exclamavam: “Olhem, olhem, tem alguém se afogando!”.
Pude perceber, depois de tanto alarido, que realmente se tratava de um afogamento. Um rapaz tentava se manter, num esforço inútil, sobre uma prancha que insistia em se chocar contra as pedras seguindo o ritmo frenético das ondas fortes e intensas. Não, para minha surpresa, já estavam os destemidos guarda-vidas, a correrem em busca de salvar aquele indivíduo. Um deles entrou no mar e começou a sua batalha ao encontro do afogado, enquanto o seu companheiro corria em direção às pedras.
Nesse instante, também corri para as pedras com o intuito de ajudar naquele socorro de alguma forma. Lembro que numa fração de segundos percorri o espaço entre a cadeira em que me encontrava e as pedras mais próximas do ocorrido. Chegando lá, eis que uma senhora, de língua estrangeira, mais precisamente, o espanhol, ao perceber que eu intencionava adentrar no mar, fez-me a seguinte advertência: “Por favor, não entre! Deixe para os profissionais, pois o mar está muito agitado!”. Não sei por que, mas de alguma maneira, refleti e cedi aos apelos daquela senhora desconhecida, mas preocupada com o meu destino. Deus usa as pessoas para falar o que precisamos ouvir no exato momento em que precisamos ouvir.
Simultaneamente, o salva-vidas que havia se dirigido às pedras, lançou-se ao mar, unindo-se ao seu companheiro, dando início a uma verdadeira batalha entre os socorristas, a vítima e o mar bravio, num esforço quase sobrenatural para conseguir alcançar as pedras, que era o ponto mais próximo de onde podiam se livrar dos movimentos bruscos das ondas em fúria.
Penso que talvez para aquele que estava sendo resgatado, foram os quinze minutos mais terríveis de sua existência. Fiquei ali pensando no que fazer para ajudá-los, como também todos os espectadores juntos, no limite de suas possibilidades, pensavam no que fazer e como. Vários banhistas portando pranchas de surf estavam prontos para ajudar e, acreditem, o mar não estava para brincadeira. Muito mexido, batia com tamanha violência contra os rochedos, que produzia uma intensidade elevada de espuma de causar inquietação e medo em todos que presenciavam tal espetáculo.
A lealdade dos guarda-vidas, a competência, o arrojo, a determinação e a coragem fizeram toda a diferença. A essa altura, o necessitado já tinha perdido sua prancha e não possuía por si só forma alguma para se salvar. Gritava desesperado pelo medo da morte que já não possuía forças, nem controle dos movimentos de braços e pernas. Não fosse a solidariedade dos guardiões da praia, a essa hora eu estaria escrevendo um texto com um final diferente.
A solidariedade é uma prova inequívoca de amor para com o próximo; a solidariedade é valorizar aquele que você nunca viu, arriscando sua própria vida em prol de salvaguardar alguém em seu momento de angústia, sofrimento e um elevado grau de risco de vida. Arriscar a vida para salvar alguém ou alguma coisa é espirituoso, é divino, é mostrar o lado humilde do homem, é refletir para o mundo o amor de Deus.
Caso precisassem de minha ajuda, não sei se teria naquele momento a coragem de me lançar no mar para fazer algo. O que sei é que naquela praia, quem presenciou aquela cena, desejou força, sorte e proteção divina às pessoas envolvidas naquela situação. Para a alegria de todos que presenciavam atônitas o desenrolar dos acontecimentos, a vítima foi retirada sã e salva das temíveis águas do mar revolto.
Ao sair do mar, já em segurança na areia, tive o prazer de ver um dos abraços mais demorados e sinceros que o resgatado deu em seus socorristas, como forma de gratidão. Os socorristas saíram com vários arranhões causados pelas pedras, mas como bravos homens que são, naquele instante, nada pareciam sentir e foram aclamados e ovacionados durante o trajeto que fizeram na praia, até chegarem orgulhosos do feito ao seu posto de trabalho.
Voltei pra casa nesse dia com a certeza de que existem muitas pessoas dispostas a dar a sua vida para que vidas sejam mantidas. Por isso, obedeçam às informações que os socorristas passam nas praias, use-as com prudência e responsabilidade.
Senhores guarda-vidas, esse é o seu sacerdócio, seu trabalho, sua maneira de ganhar a vida. Parabéns! Que sejam felizes e recebam do povo e de todas as autoridades o devido apoio, suporte e reconhecimento por sua dedicação e amor ao que fazem.
Saúde, força, fé e mar de almirante a todos!
DEUS É BOM!!!