Cherinho de mijo

Li numa velha revista (dessas que as páginas ficam caindo e largam aquela poeirinha que é letal para os asmáticos), Manchete, uma entrevista com Sargentelli, aquele que fazia um show comandando um batalhão mulatas de arretadas. Nessa entrevista, dentre vários a assuintos, ele contava que havia um boteco de um português nas cercânias do Maracanã que era frequentado pelos boêmios,jornalistas e pessoal do samba; lá a cerveja era geladinha nos trinques, o tira-gosto feito na hora e de primeira e o precinho era camarada. Só havia um probleminha, coisinha atoa: um cheirinho de mijo, mas olfato de boêmio é imune a esse cherinho, tira-se de letra. Mas aí apareceu uma pedra no caminho: alguns elementos ligados ao marketing e à moda que aconselharam o português a reformar o boteco tansformando-o num bar de alto nível. O proprietário caiu na besteira e empregou suas economias e até tirou empréstimo patrta reformar o boteco. Reformou, logo começaram a pintar no pedaço novos-ricos, chatos se galochas e até milionários. Resultado: os habituês começaram a dar no pé, além dor ambiente terficado chato, o precinho ficou salgadíssimo. Só restou aos antigos habituês sair procurando outro boteco com o cherinho de mijo. Cherinho de mijo não arranca tampo de ninguém, o que acaba um ambiente é mudar as tradições e a chegada de novo rico e chato. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 15/02/2016
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