Reflexão- Abençoada natureza
Embora o mineiro seja fascinado pela montanha, ele sabe admirar o encanto da ordem ancestral que vem do mar, de longe, de modo tão perfeito que se torna impossível avaliá-la. Abandonando os preconceitos culturais, ele se põe de joelhos diante da abençoada natureza.
As ondas verdejantes produzem um murmúrio sonolento e o ar tem uma densidade que acaricia a pele. O vento provoca prazer espiritual com penetrante insistência que gera o desejo de abraçá-lo para sempre. Diante de tal força indomável, é fácil perder a noção do tempo e da distância. No entanto, a pureza da esperança é preservada por meio de uma sabedoria visceral que vem de longe, de milênios. A praia é a beleza da diferença dos iguais tão diferentes e tão encantadores em sua singularidade. Segundo Fernando Pessoa, vale a pena ter nascido para ouvir passar o vento e só para ouvir o tempo passar.
É preciso se armar apenas de fé e descobrir a futilidade do orgulho e a dimensão exata da insignificância humana diante do poder de Deus. Surge, então, o desejo de autoaceitação e de aceitação do outro como ele é. Imbuída da atmosfera repousante, a memória consegue sublimar-se e esquecer magoas e rancores.