Outros Carnavais- EC


Saudade? Não sei! Sinceramente, não sei. Mas... Trago na lembrança algumas passagens de carnavais antigos, vivenciados por mim. Na rua, junto a criançada local, corríamos e pulávamos feito bobos cantando marchinhas com o rádio no último volume instalado na calçada. Ou a mamães levava no Clube da Rhodia, nas matinês que eram grátis. Íamos com a mãe, note bem, que não desgrudava os olhos de nós. Coitada e ela detestava o Carnaval.

Não podíamos ir à clubes para dançar, então restava a rua e a da própria casa, sob a vigilância das mães e, para “melhorar” de dia ou no máximo até as dez da noite. Era engraçado pois bastava uma mãe cantar “são dez!” e a alegria acabava igual a festa pra Cinderela. Perdíamos a alegria e não o sapatinho de cristal, pois ninguém perde o que não tem, né? Mas era a suprema alegria pular carnaval naquela época.

Não são tantos os anos assim que distanciam aquele tempo deste; são algumas questões de relevância moral que mudaram, no meu pensamento para pior: a delicadeza da brincadeira, a inocência, a paquera inocente dos adolescentes que aproveitavam essa festa para paquerar um pouco mais. As drogas eram o cigarro, só para os adultos, não sei de bebidas alcoólicas, que deveriam existir nessas festas, mas que os adolescentes, vigiados , não tinham acesso. Os pais cuidavam, aliás protegiam os filhos em qualquer tempo e circunstância.

Agora escrevendo o texto acredito que o que sinto é saudade, misturada com tristeza pois os tempos de naturalidade se esvaíram. Acabou-se a seletividade moral. Qualquer um é teu amigo e a gente sabe que não é bem assim. Não se separa mais o joio do trigo. Tudo é igual´. Sem discriminação. Todos podem se drogar, é livre, pois cada um tem o direito de fazer o que quiser com sua vida. Até atrapalhar a vida dos outros, pois um viciado atrapalha a vida de meio mundo... O sexo virou sinônimo de alegria e descontração, de folia e, o carnaval é aguardado ansiosamente pelos aficionados por sexo. E entra aí a bondade do governo que neste ano de vacas magras, despachou via Ministério da Saúde 5 milhões de reais em camisinhas “grátis” para evitar as DSTs e a gravidez. Completa inversão moral dos valores cristãos.

Havia, sim, naquele tempo quem “pulava a cerca” no carnaval, mas era pouco... Não era uma nação inteira a se imiscuir em coisas consideradas ofensivas à moral pessoal ou coletiva. Havia um respeito pela sociedade, pelo bairro, pela família que impedia um atrevimento maior. Quando havia era escondido e na maior parte das vezes logo era desmentido, era visível pelo barrigão das mulheres. E ela ficava falada. Sua moral ia pro lixo, sua reputação era zero.

Mas isso são coisas de outros carnavais pois atualmente, quanto mais liberdade, mais interessante ele é. Depois... o tempo cura as feridas. Afinal carnaval é uma vez por ano e não vale a pena desperdiçar tempo! É preciso beber tudo o quanto antes, enveredar pelo mundo das drogas para ter coragem de fazer tudo que os pais com certeza condenariam. Tudo isso agudizou-se de forma cruciante.

A maioria da população não se preocupava com o pós carnaval, não se preocupava com abortos ,aliás nem pensavam. Assumiam ou, ela assumia as consequências da falta de juízo e...sofria. Mas jamais falava-se em matar o pequenino inocente.

Hoje as liberdades e as igualdades são maiores que de outros carnavais. Dizem que é mais moderno. Acredito que seja o contrário; a partir do memento que por uma permissão sua uma criança está vindo ao mundo e há desejo de se livrar dela e dos problemas que advirão, foi deixado de lada o ser humano, a humanidade para ser apenas o ser brutal, inferior ao da idade média ou anterior ainda.

O carnaval de 2016 passou, mas as consequências dele virão: nascimento de bebês sem pais. Doenças sexuais, dengue, zika, chincungunia e outras que não estão no cardápio do Ministério da Saúde, pois o recado dado foi muito bem espalhado e divulgado pela mídia toda: pule carnaval, mas não me tragam doenças. Não precisa se controlar. Basta usar camisinha e a festa será ótima. Teve até o Homem camisinha! Coisas da modernidade! Será? Será mesmo modernidade?

Nos carnavais antigos existiam, claro, uma safadeza própria do período, mas não era tão escancarada pois pensávamos que quanto mais se falavam nos erros mais eles parecem inofensivos e comuns e de propagavam e...se propagam com a velocidade do raio ou da luz. A modernidade chegou, igualou pais e filhos numa igualdade até desumana.
Esperemos para ver... e talvez chorar! Chorar?
MVA
Enviado por MVA em 15/02/2016
Código do texto: T5544507
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