Minha ilusão
Ontem descobri o teu segredo. Não conseguia dormir. Já era madrugada, mas aquilo me despertou. Eu precisava saber a verdade.
Ninguém me contou. Não foi nenhum disse me disse. Não foi um boato que passou de boca em boca até chegar aos meus ouvidos. Tampouco uma fofoca.
Não mesmo. Eu li. Finalmente despertei para algumas coisas. Consegui abrir meus olhos e enxergar em teu rosto a verdade que ali estava estampada o tempo todo.
Como eu pude me enganar.
Como eu disse, despertei para algumas coisas.
A primeira, eu não te conheço. E eu nunca saberei que é você, na verdade. E, por mais doido que isso possa soar, isso, inevitavelmente, me proporciona um autoconhecimento mais profundo de mim e até de você.
A segunda, é que você me disse, assim que me conheceu, que estava aos pedaços devido a desamores. Bom, os pedaços que eu pensei que você estava juntando, continuam no mesmo lugar. O sentimento que achei que compartilhávamos não foi o suficiente para uni-los, como eu imaginava. Achei que poderia ser teu bálsamo.
Estive enganada esse tempo todo. Pensei em ser te ver sempre, te escrever minhas mais singelas linhas, viver um dia de cada vez ao teu lado, recomeçar sempre para te fazer feliz e admitir que somos diferentes. Triste equívoco. Besteira minha. Era tudo coisa da minha cabeça, que crer em amor platônico.
Eu vou sobreviver a isso.
Quer saber, vai, pode ir. Ame outra, crie castelos de ilusão com ela, dei-lhe o mundo, para depois tirar tudo. Eu, sinceramente, não me importo mais.
O que eu preciso hoje é seguir em frente. Eu só preciso reaprender a caminhar sozinha. Preciso juntar os caquinhos, não na sua frente, pois sou muito forte. Eu só preciso aprender a levantar muros ao menor sinal de carinho vindo de um desconhecido.
Graças a você vou ser mais forte, feliz, realizada, de bem com a vida e comigo.
Não se preocupe comigo, se é que você se preocupa com alguém além de si mesmo. Graças a você, sou imune a tipos como o seu.
E em pensar que eu emprestaria um pedaço de minha vida para você habitar, não consigo me conter, dou risada.
Uma risada longa, metade sarcasmo, metade tristeza.