Antigamente eu era eterno

Hoje pude entender Leminsk quando diz “Abrindo um antigo caderno que percebi/ antigamente eu era eterno”.

Ouvindo música, lendo, filosofando...me veio o desejo de escrever, mas escrever mesmo. Não digitar!

Abri as portas de uma pequena cômoda onde guardo materiais escolares. Procurava um caderno novo, o qual não encontrei. Conformei-me com este e me pus a ler o que nele estava escrito.

Resumos para provas, rascunhos de cartas nunca entregues, crônicas inacabadas, orações e poesias.

Conforme cresci, hoje percebo, menosprezei o que antes fora. Digo isto pois, ao ler meus antigos e esquecidos escritos, tão antigos e esquecidos como os sentimentos que me levaram a fazê-los , apreciei, vi o quanto era bom e me surpreendi. Não deveria estar surpresa e até um tanto triste de saber que mesmo mais jovem eu existia verdadeiramente. Mas não posso evitar. Penso que este foi um jeito que encontrei de atenuar meus defeitos e fragilidades do passado de forma a iludir-me de uma maior mudança e amadurecimento.

Escrevo hoje e o que será que sentirei daqui há poucos anos, quando reler as bobagens que agora estás lendo?