MAMÃE
Vlad Maluf

 
Mamãe é sensível. Mas não é frágil. É forte, brava, durona. Ela tem dois olhares marcantes: o doce e o de fera. Para mim, claro, ela só olha do primeiro jeito. É uma apaixonada. Não fica brava. Entende tudo, perdoa tudo. Por mim, já a vi lançando o segundo olhar. Ela sempre lembra do dia em que um garoto me deu uma pedrada na cabeça. Esse, sim, viu a outra cara da minha mãe. Com uma sobrancelha levantada, que eu brincava dizendo que era a sobrancelha do Ravengar (o Abujamra, ...em Vamp).

Mamãe me olha de um jeito muito particular. Ela faz eu me sentir bonito, querido, protegido, inteligente, especial. Me ama sem razão e sem limites. Não quer nada em troca. É protetora e carinhosa como uma gata, que cobre seu filhote com a patinha fofa, mas cheia de garras afiadas escondidas, caso seja necessário usá-las. E ama seja o filhote como for, de qualquer jeito, de qualquer cor.
Hoje, no aniversário dela, falei brevemente sobre a dificuldade de aceitar que não existe amor sem troca, como é o dela.

Entre nós há troca, claro, pois eu a amo. Mas não há a exigência de troca, como em qualquer relação. Se fosse possível eu não amá-la, ainda assim, ela não mudaria o jeito de me olhar, eu tenho certeza. Não sei explicar como é, pois esse olhar só existe quando ela mira os olhos em mim e só ela me olha assim.
São esses olhos que me trouxeram até aqui. Mamãe, a pessoa que eu amo
 Mais do que a mim mesmo.
 


São Paulo, 8 de fevereiro de 2016, às 19h20

 
 
Vlad Maluf
Enviado por Nair Lúcia de Britto em 11/02/2016
Reeditado em 05/11/2017
Código do texto: T5540702
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