Novas chances existem?
O dia não está cinza, a chuva não cai torrencialmente, as pessoas andam rápido demais e pensam demais. Algo no interior se encontra cinza, algo se vê desmoronando, porque quando (raramente) faço planos, mergulho de cabeça e deposito a maldita da fé que todos falam. Até que uma hora chove em nós, no fundo, e por mais que tentemos, quando a cabeça recosta ao travesseiro, dói, dói como solidão, como alma que sofre em silêncio. E por mais ridículo que seja desabafar e por mais surpreendente que seja isso sair de mim, às vezes é necessário, porque um ano de esforços jogados ao vento resultam em um retorno traiçoeiro, em uma tempestade forte até demais. Mas se Renato insistia em nos convencer de que temos todo o tempo do mundo, seria essa uma chance de corrigir o remorso que consome cautelosamente? Ou uma chance de se afundar enquanto todos se vêem bem sucedidos?
Eu poderia estar escrevendo positivamente sobre como será bom ver meus planos se afundarem enquanto permaneço com os pés afundados em cimento extremamente sólido, onde nada muda, nada move. Mas sempre fui teimosa, e sempre me peguei sozinha procurando respostas para o que jamais seriam questões válidas, já que sou errada, sou errante. E como minhas filosofias sempre deveriam encaixar, esse é o momento em que eu diria "Isso mesmo Gessinger, não vim até aqui para desistir agora", mas aquela história de a trilha é melhor que a chegada acaba sendo difícil de acreditar quando é traçada uma trilha de treinamento do exército. Com menos eloquência, claro.
E no fim de tudo, talvez seja apena o desabafo de um alguém pouco si mesmo, muito Cazuza. Ou muito si, muito dó e sem a possibilidade de ré. Apenas um capítulo isa-gerado dessa vida estranha, que provavelmente não saberei interpretar por completo. Já que havia decidido crescer e acabei sendo obrigada a não ser regada, porque a chuva simplesmente não cai torrencialmente.