Cachanga
Há muitos anos, ainda quando eu era adolescente, ouvi uma história sobre dois espanhóis, um basco (apesar de os bascos não se considerarem espanhóis) e outro madrilenho, que estavam em uma calçada de Madri jogando Cachanga (pronuncia-se Catianga).
Seguinte: um basco "cachafaz" (malandro) convida um renomado transeunte madrilenho para jogar Cachanga, porém não lhe explicou muito bem quais eram as regras do jogo. Sabia apenas, o convidado, que se usavam cartas de baralho para concretizar o cenário do embate. Porém, como era viciado em jogo, não se importando qual, aceitou o convite sem ao menos inteirar-se das regras.
- Diezitas (dez mil pesetas, cerca de cinco cruzeiros, na época) para começar, disse o "cachafaz".
- "Muy bién" concordou o oponente.
O malandro basco deu as cartas (e... Que pelos anos passados não me lembra de quantas era). Assim que terminou (de dar cartas) olhou-as rapidamente e antes que o madrilenho esboçasse qualquer reação ele olhou para as dez mil pesetas do "adversário" e disse bem alto: Cachangaaa! Ato contínuo puxou com as duas mãos o dinheiro "del hombre de Madrid" para junto do seu.
- "Gané", disse o basco com desdém.
O outro sem entender nada - mas, como bom viciado - propôs outra partida com um aumento substancial da aposta.
- "Cincuentitas entonces", sugeriu o espertinho.
Mesma coisa: o outro deu as cartas, mas nem bem terminou e nosso milongueiro personagem rapidamente gritou novamente: Cachangaaa!
- "Gané de nuevo", disse descaradamente o basco.
E assim o jogo continuou... Aumento a cada partida das apostas: "cienzitas", "docientitas", e assim sucessivamente. E, claro, seguiram-se os gritos de "cachanga" pelo basco malandro, que seguia puxando para si todo o dinheiro das apostas. Até que o madrilenho, em ato desesperador, apostou tudo que tinha, ou seja, uma espécie de "all in" no jogo de pôquer. Antes, porém, pensou por alguns segundos sobre a "lógica" do jogo no qual se metera.
Desta vez, antes que o espertinho falasse - o agora "neo-esperto" madrilenho - antecipou-se e gritou: Cachangaaa!
- Nem bem tentou puxar o dinheiro para o seu lado e o cachafaz gritou: Catiangaaa reaaalllllll! E puxou mais uma vez todo o dinheiro para seu lado.
- "Gané todo su plata?" Perguntou o "ratero" (ladrão, punguista), com cara deslavada, ao aburrido, "pero no mucho", conterrâneo.
- "Si, ganó todo", respondeu o viciado, ainda mais triste.
- "Entonces, se terminó el juego compañero!" Disse. E... Foi se afastando de fininho do caixote que havia servido como mesa!
MORAL DA HISTÓRIA: com nenhum basco de Brasília dá para jogar Cachanga!
Seguinte: um basco "cachafaz" (malandro) convida um renomado transeunte madrilenho para jogar Cachanga, porém não lhe explicou muito bem quais eram as regras do jogo. Sabia apenas, o convidado, que se usavam cartas de baralho para concretizar o cenário do embate. Porém, como era viciado em jogo, não se importando qual, aceitou o convite sem ao menos inteirar-se das regras.
- Diezitas (dez mil pesetas, cerca de cinco cruzeiros, na época) para começar, disse o "cachafaz".
- "Muy bién" concordou o oponente.
O malandro basco deu as cartas (e... Que pelos anos passados não me lembra de quantas era). Assim que terminou (de dar cartas) olhou-as rapidamente e antes que o madrilenho esboçasse qualquer reação ele olhou para as dez mil pesetas do "adversário" e disse bem alto: Cachangaaa! Ato contínuo puxou com as duas mãos o dinheiro "del hombre de Madrid" para junto do seu.
- "Gané", disse o basco com desdém.
O outro sem entender nada - mas, como bom viciado - propôs outra partida com um aumento substancial da aposta.
- "Cincuentitas entonces", sugeriu o espertinho.
Mesma coisa: o outro deu as cartas, mas nem bem terminou e nosso milongueiro personagem rapidamente gritou novamente: Cachangaaa!
- "Gané de nuevo", disse descaradamente o basco.
E assim o jogo continuou... Aumento a cada partida das apostas: "cienzitas", "docientitas", e assim sucessivamente. E, claro, seguiram-se os gritos de "cachanga" pelo basco malandro, que seguia puxando para si todo o dinheiro das apostas. Até que o madrilenho, em ato desesperador, apostou tudo que tinha, ou seja, uma espécie de "all in" no jogo de pôquer. Antes, porém, pensou por alguns segundos sobre a "lógica" do jogo no qual se metera.
Desta vez, antes que o espertinho falasse - o agora "neo-esperto" madrilenho - antecipou-se e gritou: Cachangaaa!
- Nem bem tentou puxar o dinheiro para o seu lado e o cachafaz gritou: Catiangaaa reaaalllllll! E puxou mais uma vez todo o dinheiro para seu lado.
- "Gané todo su plata?" Perguntou o "ratero" (ladrão, punguista), com cara deslavada, ao aburrido, "pero no mucho", conterrâneo.
- "Si, ganó todo", respondeu o viciado, ainda mais triste.
- "Entonces, se terminó el juego compañero!" Disse. E... Foi se afastando de fininho do caixote que havia servido como mesa!
MORAL DA HISTÓRIA: com nenhum basco de Brasília dá para jogar Cachanga!