CONHECE-TE A TI MESMO
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Este era o lema pelo qual o filósofo Sócrates pautava toda a sua vida. A busca do conhecimento de si mesmo era o objetivo de todos os seus questionamentos, tendo a moral como centro para o qual convergiam suas reflexões. Sua preocupação maior era a prática da virtude. O bem pensar, segundo ele, levaria ao bem viver. Nesses tempos de corrupção institucionalizada, leia-se alguma coisa de Sócrates, ou melhor, sobre Sócrates, pois ele não deixou nada escrito. Suas doutrinas, expostas nas praças públicas e nos mercados, chegaram até nós pelos escritos de seus discípulos Xenofonte e Platão.
Entanto, conhecer-se a si mesmo não é tarefa simples. Bom lembrar, do poeta T. S. Eliot: entre o pensamento e a realidade paira a sombra. Para S. Paulo, o que aqui fazemos e vemos são sombras das coisas que hão de vir. Fernando Pessoa, introspectivo, remata também em versos que “entre mim e o que sou há escuridão”. Platão recorre à alegoria da caverna, mundo das sombras. Para Ortega y Gasset, ele era ele e suas circunstâncias. E as circunstâncias, como mudam! Contexto de época, ambiente familiar, clima, tipo de cultura, modo de educação formal e influência da educação informal... Para começar, não é fácil nos situarmos. Afinal, que espaço nós ocupamos na história da humanidade? Sem dúvida, cada uma, cada um de nós é um grão de areia na praia grande do grande oceano da vida. Contudo, segundo versos de William Blake, veja-se o mundo num grão de areia, veja-se o céu em um campo florido, sustente-se o infinito na palma da mão, e a eternidade em uma hora de vida.
A perspectiva mora dentro de nós. Aos de vida contemplativa compete transmitir-nos o fruto de suas reflexões. Todo o mundo tem sua história de vida na história do mundo. Uma pedrinha, minúscula, no enorme mosaico que vem sendo montado ao longo de milênios. A gente não veio a este mundo a troco de nada. Importa vislumbrar as luzes que se projetam nas sombras.