Mein Kampf
(Minha Luta)
1. Estou lendo nas gazetas que, mais uma vez, o livro do austríaco Adolf Hitler, "Minha Luta" (Mein Kampf) teve sua venda proibida pelas livrarias do Rio de Janeiro. Adecisão é do Tribunal de Justiça carioca, acolhendo uma Ação Cautelar impetrada pelo Ministério Público Estadual.
2. Digo mais uma vez, porque, no Brasil, o livro do Führer foi posto fora de circulação em várias ocasiões, desde a sua primeira edição, em 1934; ou por decisão judicial ou por atos isolados de governos horrorizados com as ideias nazistas.
3. Parece que os argumentos que têm sustentado as sucessivas proibições da venda de "Minha Luta" seriam o de evitar que os nefandos postulados, ardorosamente defendidos por Hitler, no seu "manifesto", venham a conquistar adeptos, resultando na formação de grupos neonazistas.
4. Ouço falar no livro de Hitler, faz alguns anos. Para ser preciso, desde 1947 quando, ingressando no seminário seráfico, passei a conviver com frades alemães, cujas famílias, haviam sofrido indescritíveis humilhações durante o regime liderado por Adolf Hitler e seus sequazes, entre outros, Josef Mengele, Joseph Goebbels e Herman Goering, os mais conhecidos.
5. Quero dizer, que não conheci um só desses frades que deixasse transparecer a sua mais remota simpatia pelo nazismo.
Muito pelo contrário, até onde meus ouvidos de adolescente curioso podiam captar, suas posições eram de firme condenação ao regime político e administrativo de Adolf Hitler.
6. Confesso, com algum arrependimento, nunca ter lido, capítulo por capítulo, Minha Luta. Nem nos meus tempos de Universidade me animei a passear pelas 400 ou 500 páginas da bíblia dos nazistas.
7. As informações mais precisas que, ao longo do tempo, obtive sobre esse polêmico livro, chegaram-me através de publicações avulsas, pró e contra, e de depoimentos de estudiosos da Segunda Guerra Mundial.
8. Interessante: coisa semelhante deu-se com relação ao livro de um alemão (esse sim) chamado Karl Marx, "O Capital". Nunca cheguei a ler "O Capital" de cabo a rabo!
Esse livro era idolatrado pelos meninos da esquerda festiva, nos meus tempos de Faculdade de Direito, na Universidade Federal da Bahia, idos de 1950-60. Nem por isso me dispus a devorá-lo nas minhas horas de leitura.
9. Tive colegas que dormiam com "O Capital" debaixo dos seus travesseiros. Soube que muitos deles não conheciam, sequer, o primeiro capítulo do festejado breviário comunista.
10. Conheci um estudante que defendia, com arrogante entusiasmo, o livro do Karl Marx, mas em off, dizia pros mais íntimos que, do famoso livro, só lera o Prefácio.
Tanto que, preso durante a ditadura militar, quando, no IPM, foi solicitado, poucas considerações teceu sobre a obra de Marx, vigorosamente condenada pelos soldados.
11. Mas vamos ao que interessa. Pergunto: é correto proibir a leitura do livro de Adolf Hitler, "Minha Luta", agora em domínio público?
A leitura de "Minha Luta" pode fazer ressurgir as ideias loucas de Hitler a ponto de pôr em perigo o futuro da humanidade?
É, afinal, um livro que deve ser definitivamente esquecido?
12. Antes de emitir minha opinião, levo ao conhecimento do leitor o que, sobre este assunto, escreveu o escitor Luiz Fernando Emediato, em belo artigo publicado na Folha de São Paulo, no domingo de carnaval.
13. Disse Emediato: "Minha Luta é um livro com ideias abomináveis, mas proibi-lo é fugir de uma discussão em que elas podem ser refutadas com fatos, exemplos e argumentos que por sua vez ajudarão no combate a todo tipo de racismo, intolerância e extremismo."
14. Mais adiante, escreveu Emediato que leu um notável artigo do historiador Nelson Jahr Garcia, da USP, para quem "Minha Luta" foi "a melhor obra já escrita contra o nazismo."
15. E prometendo publicar "Minha Luta" pela sua Editora, a Geração Editorial, Luiz Fernando Emediato encerra seu artigo na companhia do professor Nelson Jahr Garcia: "Quanto mais se conhecer (Minha Luta) , maior se tornará o repúdio e a aversão".
16. Acompanho o escritor Emediato, sem tirar nem pôr. Retiro das minhas estantes um exemplar do "Minha Luta", adquirido há mais de dez anos num sebo qualquer, e para combatê-lo melhor, vou percorrer, como muita paciência as suas páginas banhadas de ódio.
Heil Hitler! jamais...
(Minha Luta)
1. Estou lendo nas gazetas que, mais uma vez, o livro do austríaco Adolf Hitler, "Minha Luta" (Mein Kampf) teve sua venda proibida pelas livrarias do Rio de Janeiro. Adecisão é do Tribunal de Justiça carioca, acolhendo uma Ação Cautelar impetrada pelo Ministério Público Estadual.
2. Digo mais uma vez, porque, no Brasil, o livro do Führer foi posto fora de circulação em várias ocasiões, desde a sua primeira edição, em 1934; ou por decisão judicial ou por atos isolados de governos horrorizados com as ideias nazistas.
3. Parece que os argumentos que têm sustentado as sucessivas proibições da venda de "Minha Luta" seriam o de evitar que os nefandos postulados, ardorosamente defendidos por Hitler, no seu "manifesto", venham a conquistar adeptos, resultando na formação de grupos neonazistas.
4. Ouço falar no livro de Hitler, faz alguns anos. Para ser preciso, desde 1947 quando, ingressando no seminário seráfico, passei a conviver com frades alemães, cujas famílias, haviam sofrido indescritíveis humilhações durante o regime liderado por Adolf Hitler e seus sequazes, entre outros, Josef Mengele, Joseph Goebbels e Herman Goering, os mais conhecidos.
5. Quero dizer, que não conheci um só desses frades que deixasse transparecer a sua mais remota simpatia pelo nazismo.
Muito pelo contrário, até onde meus ouvidos de adolescente curioso podiam captar, suas posições eram de firme condenação ao regime político e administrativo de Adolf Hitler.
6. Confesso, com algum arrependimento, nunca ter lido, capítulo por capítulo, Minha Luta. Nem nos meus tempos de Universidade me animei a passear pelas 400 ou 500 páginas da bíblia dos nazistas.
7. As informações mais precisas que, ao longo do tempo, obtive sobre esse polêmico livro, chegaram-me através de publicações avulsas, pró e contra, e de depoimentos de estudiosos da Segunda Guerra Mundial.
8. Interessante: coisa semelhante deu-se com relação ao livro de um alemão (esse sim) chamado Karl Marx, "O Capital". Nunca cheguei a ler "O Capital" de cabo a rabo!
Esse livro era idolatrado pelos meninos da esquerda festiva, nos meus tempos de Faculdade de Direito, na Universidade Federal da Bahia, idos de 1950-60. Nem por isso me dispus a devorá-lo nas minhas horas de leitura.
9. Tive colegas que dormiam com "O Capital" debaixo dos seus travesseiros. Soube que muitos deles não conheciam, sequer, o primeiro capítulo do festejado breviário comunista.
10. Conheci um estudante que defendia, com arrogante entusiasmo, o livro do Karl Marx, mas em off, dizia pros mais íntimos que, do famoso livro, só lera o Prefácio.
Tanto que, preso durante a ditadura militar, quando, no IPM, foi solicitado, poucas considerações teceu sobre a obra de Marx, vigorosamente condenada pelos soldados.
11. Mas vamos ao que interessa. Pergunto: é correto proibir a leitura do livro de Adolf Hitler, "Minha Luta", agora em domínio público?
A leitura de "Minha Luta" pode fazer ressurgir as ideias loucas de Hitler a ponto de pôr em perigo o futuro da humanidade?
É, afinal, um livro que deve ser definitivamente esquecido?
12. Antes de emitir minha opinião, levo ao conhecimento do leitor o que, sobre este assunto, escreveu o escitor Luiz Fernando Emediato, em belo artigo publicado na Folha de São Paulo, no domingo de carnaval.
13. Disse Emediato: "Minha Luta é um livro com ideias abomináveis, mas proibi-lo é fugir de uma discussão em que elas podem ser refutadas com fatos, exemplos e argumentos que por sua vez ajudarão no combate a todo tipo de racismo, intolerância e extremismo."
14. Mais adiante, escreveu Emediato que leu um notável artigo do historiador Nelson Jahr Garcia, da USP, para quem "Minha Luta" foi "a melhor obra já escrita contra o nazismo."
15. E prometendo publicar "Minha Luta" pela sua Editora, a Geração Editorial, Luiz Fernando Emediato encerra seu artigo na companhia do professor Nelson Jahr Garcia: "Quanto mais se conhecer (Minha Luta) , maior se tornará o repúdio e a aversão".
16. Acompanho o escritor Emediato, sem tirar nem pôr. Retiro das minhas estantes um exemplar do "Minha Luta", adquirido há mais de dez anos num sebo qualquer, e para combatê-lo melhor, vou percorrer, como muita paciência as suas páginas banhadas de ódio.
Heil Hitler! jamais...