De minha caneta...
Ela foi minha amiga fiel, durante alguns anos, pois estava sempre junto a mim, quer seja no bolso do blusão ou, do meu lado, sobre a mesa de trabalho. Dela jamais esquecerei porquanto, se assim o procedesse, estaria sendo ingrato e injusto. Foi dela que eu, como profissional de redação, obtive os necessários proventos para comprar o pão de ontem e o de hoje também, assim como a casa que abriga a família.
Na realidade, após surgir o computador como ferramenta de trabalho, ela tem sido relegada ao segundo plano, utilizada tão somente para firmar a assinatura do emitente ou responsável pelo documento digitado.
Considero uma obrigação o fato de reverenciá-la uma vez que, de sua pena, tive a oportunidade de redigir correspondências comerciais, administrativas e oficiais, responsáveis também pela imagem positiva, emanada da empresa da qual era funcionário.
De minha caneta originava o sorriso ou a tristeza dos clientes atendidos ou não, em sua reivindicação. Dela eram emitidas as minutas (designação dos rascunhos manuscritos) dos ofícios dirigidos às diversas instâncias judiciais, comunicando a situação em que se encontrava o cliente, no que se refere a problemas ou pendências, de interesse da justiça. Ainda com ela preparava os memorandos internos, através dos quais eram comunicadas as providências ultimadas ou impossibilitadas de serem deferidas.
Diante do que acabo de expor, os senhores leitores por certo compreenderão a minha lógica de raciocínio, ou seja, uma forma de reconhecer a importância de um simples objeto na minha vida profissional, cujo desenrolar dependia exclusivamente dele.
Hoje, conforme diz o velho ditado popular “O hábito faz o monge”, não consegui dispensá-la, embora use, quase sempre, as teclas informatizadas. Porém, ainda utilizo-a para redigir pequenas anotações, como se estivesse retribuindo um pouco do muito por ela proporcionado.