FANTASIA DE CARNAVAL

Quando garoto, vivendo meus 14, 15 anos, eu me divertia muito no Carnaval, apreciando os folguedos do período momesco, principalmente as matinês juvenis do Esporte Clube Renascença, o clube tecelão do meu bairro, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Era uma boa farra, acompanhado dos manos Aécio, Rubinho e Silvinho, mais novos do que eu, além dos amigos do bairro e colegas do Colégio Municipal, como o João Goiaba, o Paulo Jarra, o Nery Aguiar “Camisola”, o Lucio Gatica e o Mário Ribeiro, todos na flor da idade e propensos às diversões adolescentes.

Nos bondes que circulavam na época, havia painéis com propaganda no seu interior, os populares “reclames”, noticiando perfumes, calçados e remédios, como por exemplo, o famoso “Rum Creosotado”, que dizia:- “Veja ilustre passageiro/O belo tipo faceiro/Que o senhor tem ao seu lado/E no entanto acredite/Quase morreu de bronquite/Salvou-o o Rum Creosotado”.

Um desses “reclames” falava da pureza do açúcar “Pérola”, que vinha embalado num saco de papel reforçado, de cor azul arroxeado, costurado por uma cinta vermelha, cuja propaganda exaltava as suas qualidades.

Numa reunião com os amigos, em preparativos para escolher as fantasias do nosso baile daquele ano, o Goiaba disse que iria de “Pirata”, o Paulo Jarra de “Presidiário”, o Nery de “Mulher Barbuda”, o Gatica de “Amigo da Onça” e o Mario de “Caubói”.

A discussão entrou noite adentro e, próximo à meia-noite, meus amigos indagaram-me:-

“- E aí, Betinho? Você já escolheu sua fantasia? Diga lá, prezado!...” – e eu, na maior cara de pau, lasquei:-

“- Eu vou sair de “Açúcar Pérola”, tá certo?” – no que os amigos retrucaram:-

“- Mas, como assim?...” – e eu, batendo de sem-pulo:-

“- De saco azul e cinta encarnada!...”

-o-o-o-o-o-

B.Hte., 05/02/16

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 05/02/2016
Reeditado em 07/02/2016
Código do texto: T5534676
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