A língua de hoje pode ser o chicote amanhã
“Pessoas com mais de 100 quilos não deveriam andar de ônibus. Causam transtorno ao embarcar e desembarcar; ocupam praticamente dois bancos e suam exageradamente”.
“Ridículo o cabelo e o cavanhaque daquele menino. Se não bastasse, tem tatuagens nos braços. Como pensa em arrumar um emprego?”.
“Não entendo o comportamento dessa senhora. Quando visita nossa loja, pergunta o preço de tudo, experimente várias peças de roupas, mas acaba não comprando nada. Que saco!”.
No primeiro caso, a frase foi dita por um jovem ao ver uma senhora obesa entrar no mesmo ônibus em que ele viajava. Anos depois, sua mãe acabou causando o mesmo ‘transtorno’.
A segunda declaração partiu de uma senhora na época conselheira tutelar. Hoje ela tem um filho em igual situação, mas sobre o mesmo não encontrar emprego, alega ‘descriminação’, que certos empresários são insensíveis e que não respeitam os direitos individuais.
No terceiro caso, a empresária acabou por fechar sua loja. Dizem que praticava preços abusivos em roupas de pouca qualidade. Amigas próximas contam que a mesma age com desdém quando visita lojas. Que em tal cidade o mesmo vestuário está pela metade do preço e outras tantas desculpas. E não compra nada.
Preferi citar apenas três diálogos deixando de lado mais de uma centena, entre eles a do cidadão que passou a vida dizendo que políticos são todos desonestos. Hoje ele tenta a todo custo sua reeleição a vereador. Outro caso que vale citar é a do senhor que dizia, com sarcasmo, que preferiria que suas cincos filhas fosse putas do que ter um filho gay. É avô de um casal homossexual e residem em seu lar.
Castigo Divino? Qual! Deus não é sinônimo de bondade?
Conclui-se que sempre vemos as coisas conforme nosso interesse ou situação. Sem esquecer que somos egoístas (uns bem mais que outros) por natureza. Ou, o que é pior, que certas coisas só acontecem com os outros porque não souberam administrar, educar.
O outro lado da meia noite pode ser bem mais escuro. E a língua...