2 MATUTANDO

2 MATUTANDO - a sombra do coqueiral

- O “Império”, que é como Hugo Chavez chama os Estados Unidos, vai “atacar” a Venezuela usando a Voz da América. Os americanos continuam usando o rádio, e esse programa, criado na Segunda Guerra Mundial, para espalhar o “american way of life”. E precisa? Com internete, música, tênis, jeans, camisetas com frases em inglês e outras bugigangas, quem ainda ouve The Voice of América?

- “Não sei como meu marido foi cair nessa...Homem é muito besta!” Foi o que disse Dona Verônica, a mulher (de verdade) do Renan Calheiros, referindo-se a outra, a que foi só de mentirinha. Dona Mônica já está querendo parecer uma Hillary Clinton das Alagoas. Depois é só se candidatar a Senadora. Vai ser eleita. E pode ser a primeira Presidenta do Brasil! Quem sabe?

- Falando nisso, em Senadores, o Joaquim Roriz, do Distrito Federal, conhecido falcatrueiro do serrado, renunciou ao mandato para não cassado. Cassado, não! Pra não ser punido. Perde o status e o foro privilegiado, que lhe garante julgamento especial, só por um ano; que é o tempo que dá pra enrolar, e de sobra, qualquer processo na justiça comum, digamos assim. Ai se candidata, e é eleito pelo povão, vereador de algum Município onde tenha uma de suas fazendas abarrotada de gado e se livra de qualquer punição. Não sei se é só no Brasil, mas aqui, “renúncia” quer dizer “tá perdoado”.

E pra não falar mais de Senadores: o que assume no lugar dele é um suplente – e suplente não tem voto, é “caroneiro” – Gim Argello, que é acusado de causar prejuízo de 1 milhão e 700 mil reais a Câmara Legislativa do DF, da qual já foi Presidente. Humm!!

- Ontem, numa livraria de Fortaleza, batendo papo furado sobre a importância dos livros, um amigo, olhando as prateleiras, respirou fundo e enchendo os pulmões disse: “que maravilha é esse cheiro de livros!” É verdade! – respondi. E continuou, agora com uma profecia, - “os livros jamais acabarão porque nada irá substituí-los!Jamais!” Não concordei com essa parte. Mas como ele já não estava mais ao meu lado, andando por entre as estantes repetindo, jamais, jamais, como um arauto, fui tomar um café com chantili. Enquanto isso pensava: será que ele não sabe que o livro é coisa recente, na história, da escrita? Já ouvi muita gente dizer isso, que o livro jamais será substituído, sem lembrar que antes de se escrever em papel, e nesse formato de livro, escrevia-se em plaquinhas de barro, de cera. Depois em pele de carneiro, e depois, papiro e depois, na cidade de Pérgamo, alguém inventou o pergaminho. E que já se escreveu em paredes de cavernas, em pedras no meio do campo, em árvores, em estelas, em vasos, em jarros, em tumbas...sempre com o mesmo propósito: registrar pela escrita. E livro é registro, seja lá do que for. A Sony lançou ano passado, e só ainda não está à venda no Brasil, o Sony Reader. Tem o formato de um livro padrão, com capacidade de armazenamento de 80 livros e uma bateria que dura o tempo de leitura de 7 mil páginas. Com todas as ferramentas necessárias para a leitura ainda armazena fotos. Só não tem cheiro de papel. Quem há mil anos, ou menos, imaginaria um livro de papel? Quem daqui a mil anos, ou menos, lerá um livro de papel?

- Kurt Vonnegut, morreu em abril.Ele está entre meus escritores preferidos, por uma série de razões e de muitas preferências parecidas. Morava em Manhattan, no centro de Nova York, mas nasceu em Indianápolis em l922. Entre seus livros mais famosos, e não necessariamente, mais importantes, estão “Matadouro 5”, “Um homem sem Pátria”, “Destinos Piores que a Morte”, “Cama de Gato” “Timequake”, “Hocus Pocus” e mais alguns que li todos. Nesse, publicado em 1990, Kurt Vonnegut diz, através de um de seus personagens: “então nós pegamos as 10 máquinas que escolhemos entre as mais divertidas, pusemos em exibição permanente no salão da biblioteca com uma tabuleta cujas palavras podem ser aplicadas com certeza a todo esse planeta arruinado:A COMPLICADA FUTILIDADE DA IGNORÂNCIA.

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 05/07/2007
Código do texto: T553458
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