QUEM SOU?
EU SOU VIDA E MORTE.
Crônica de Honorato Ribeiro
Sem mim ninguém poderá viver e nem mesmo todos que têm vida sobre a terra. Eu sou a mais importante criatura do planeta terra. Eu carrego comigo três companheiros inseparáveis. Se eu ficar sozinha, não sou importante e nem dou vida e nem morte. Não tenho valor nenhum. O homem não está cuidando de mim como deveria cuidar. Sem o cuidado eu posso desaparecer para sempre. Em muitos lugares eu já desapareci e o povo está sofrendo e outros estão mudando por falta de mim. Mudam, mas, quando chegam lá, começa a não cuidar de mim, mesmo sabendo do perigo que correm sem mim. Também eu sou destruidora. Já tenho matado muita gente neste planeta. Não brinquem comigo, pois não sou tão boa assim como muitos pensam. Ora mora embaixo, ora moro nas nuvens. E quando eu venho, de outra maneira, sou muito perigosa. Acabo com tudo, pois eu nasci para correr ladeira abaixo. Eu só sei subir para as nuvens, mas, aqui na terra, só sei descer. Quando desço bem volumosa, saia quem estiver à minha frente. Derrubo tudo e levo à morte a muita gente. É meu caminho. Não respeito construções, barragem, e vou levando e faço um enorme estrago. Com esta atitude eu sou destruidora e mato quem estiver no meu caminho. Entretanto, sem mim nada tem vida. Mas o homem é um imbecil, pois tem consciência da minha importância e me mata lentamente; depois faz um código de lei proibindo não me destruir. Mas ele mesmo que faz a lei, me destrói. O homem sabe a importância que tenho, mas abusa do poder que tem: a liberdade, o livre arbítrio. Que pena! Veio um sábio e disse-lhes: “Eu sou a verdade e a vida”. Ele ensinou coisas ecológicas, sociológica, filosófica e espiritual. Por causa disso o mataram. Pobre de mim! Ele que fez tudo e tudo foi bom e perfeito, eles o mataram! E eu, quem sou? Sou a vida e a morte. Ele, o sábio, é somente vida. Mataram-no, mas ele apareceu vivo, mas eu, não. Se me matarem eu não vivo mais. Desapareço para sempre e levo comigo quem me matou. Mas o homem ajunta para si coisas supérfluas, que sabe que não leva consigo as coisas que acumularam, quando partir; nem mesmo, eu. Pois o seu corpo me fabrica fisiologicamente, mas, quando morre, eu desapareço. Bem, não vou dizer o meu nome, porque todos me conhecem e sabem o valor que tenho.
hagaribeiro.