Fazer o que se quer

Em vídeos e palestras sobre motivação é comum se ouvir @ palestrante perguntar ao público: “Você já fez o que queria fazer hoje?” Outros, para completar o apelo acrescentam: “Eu não ‘fiz’ o que eu queria fazer hoje, mas pelo menos ‘tentei’”. Daí @ ouvinte pensa que sua vida não vai adiante porque el@ não tem a coragem de fazer o que quer e volta para casa pront@ para mandar às favas ou o chefe ou a rotina da vida diária. Como se isso fosse possível, sem conseqüências, num passe de mágica. Fora ditadores, milionários ou filhos de pais negligentes, aqueles que não querem ou não conseguem ensinar aos rebentos os princípios da vida em sociedade, não conheço ninguém que consiga fazer o que quer de fato, sem restrições. Nem adultos, nem crianças. Talvez nem os animais. Tudo tem de ser ponderado. Você não pode simplesmente mandar seu chefe ir plantar batatas sem arcar com o risco de perder o emprego ou criar um clima intolerável no trabalho. Por isso é necessário ter TATO, coisa que nem todo mundo possui, mas que pode ser adquirido. Então, quando ouço esse tipo de discurso ingênuo eu penso em como a filosofia me ajuda a viver, pois ela me leva a buscar a lucidez aceitando o fato de que não há soluções nem fórmulas mágicas para certas situações. Não se faz o que se quer não é porque não queiramos, é porque não podemos fazer o que temos vontade em todas as situações. Ou seja: o desafio, pra mim, está na arte de viver o melhor possível, e sem culpas, com as inevitáveis restrições, pois não somos nem nunca seremos super-humanos, somos humanos... só.