O NADA.

Nos indignamos com o convívio humano e suas relações, causas e efeitos. Sem distinção desses ligames, da menor célula habitada pelo homem, a família, passando por instituições, corporações de todos os níveis, civis, religiosas, políticas, até às nações e suas gestões.

Uma boa porção da humanidade está indignada, sempre esteve. Uma porção menor, que se debate e luta, abraça o que é bom e não ofende a igualdade e a fraternidade. Expressivamente menor. Creio que de forma inglória, não terá sucesso. A maldade tem vencido.

Formam-se castelos visionários, mistura-se o visível com o invisível e inacessível. Somos pequenos e assim permaneceremos, nossa visão é apequenada. Não existem varinhas de condão para descerrar horizontes alvissareiros, só na fértil imaginação do homem.

O sentimento que pode alavancar ganhos espirituais não incorpora força maior que possa dar partida em mudanças fundamentais, para globalizar, institucionalizar padrões sonhados. Essa quantificação está encerrada em pequenas quantidades humanas.

Nada pode enfrentar a certeza histórica, o séquito do andamento do homem com suas sobras majoritárias de egoísmo e ausência de reconhecimento da fraternidade.

Pouca é a consciência da passageira felicidade, que não se sabe medir em suas inferioridades, impulsionada e gerida pela vontade de pequenas coisas, fáceis de serem alcançadas pelo trabalho e profissionalismo, como consumir, viajar, ter, possuir, adquirir, esse mundo superficial, exógeno, agigantado e desproporcional o consumo nos pobres de espírito, exercício de condutas que podem trazer pequenas alegrias. Em posição contrafeita está a permanência da paz.

Quem tem acesso ao gosto desse plano pode avaliar com mais densidade o que sejam as variadas vontades e suas finalizações. E com isso ao que se chega, de realização verdadeira.

Existe uma gradação de sentimento e de alcance do que seja possuir. Possuir não significa paz, felicidade espiritual, tranquilidade, mas saciedade de materialidade, fruição do que há de menor, além do necessário. E por ser sinal de grandes conquistas, e objetivo da maior parte da humanidade, digamos, o consumo, por esse meio podemos ver o quanto de pobreza espiritual e mesmo material existe no ser humano.

Nesse ponto Nietzche incomoda, quando fala da baixeza humana, não deixa de ser verdadeiro, mas é a realidade que expõe, sem hipocrisia, e quer e quis sua ideia filosófica de só investir no seu Super-Homem; creio que nem assim adianta.

“É só dos sentidos que procede toda a autenticidade, toda a boa consciência, toda a evidência da verdade.” Nietzche.

E é isso que falta à humanidade, faltará sempre ao homem desde que surgiu e se conscientizou.

Cheguei a tanto em crença pessoal.

Nem antes do grande marco, Jesus de Nazaré, se chegou a NADA, com as grandes correntes do pensamento, gregas e romanas ditando normas de correção, os grandes valores, como em Platão, por si e reportando Sócrates, e muito menos agora, depois dos símbolos deixados após grande martírio no flagelo e na cruz por Jesus de Nazaré, somando-se ainda os grandes pacifistas da boa vontade.

Continua e continuará o homem na sua caminhada para o mal, não tenho dúvidas. Alguns fogem dessas veredas por terem consciência evolutiva, poucos, e a paz, aqui por estes alcançada, já se desenha desta forma nestas paragens, insondáveis as outras, mero sortilégio da vontade, nada mais, mesmo que alguns queiram desvendar, o que é legítimo, mas inacessível.

Não se supera a experiência histórica e a realidade que informa e dá testemunho. A pauta do homem é a pessoalidade, mesmo nos mais generosos. Não há chance de avanços. Contra fatos e reiteração histórica, iterada e repetitiva à exaustão, em vários compartimentos da cultura, milenar, não há retórica e muito menos evidência, a evidência está na formalização.

Existem esperanças em melhorar? Alguns engendram e confiam nesse acontecimento, outros não.

Não creio em melhora alguma em grandes proporções. Como em Habacuque, bíblico, ensinando profeticamente sobre temporalidade, que o segundo da eternidade é muito para nós. O muito nesse tempo angustiado que podemos passar na Terra, sentindo-o como “muito mais”, não será de sucesso, não tem havido progresso espiritual, e a projeção futura é a mesma.

Se imagina o amanhã pelo ontem e o hoje, por isso se diz que “a história se repete”, tem se repetido.Continuam as guerras, as limpezas étnicas, a dominação, o escravismo em muitas espécies, a ausência de solidariedade, deuses odientos que matam, absoluta ausência de amor a hipocrisia como dos pedófilos que fazem votos de castidade e ministram sacramentos com mãos sujas, a venda do Cristo nas igrejas por moedas e embuste para analfabetos de milagres a granel, ridículos e ofertados por ridículos, práticas que ofendem a ordem pública constando na Constituição e são toleradas e prestigiadas por autoridades.

Esse é o NADA que ninguém colocará freios.

A cada dia que progridem as conquistas tecnológicas e cientificas, piora o avanço para a sujeição civilizada às regras morais, éticas e humanas que regulam o convívio, em todos os graus e dimensões.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 04/02/2016
Reeditado em 04/02/2016
Código do texto: T5533617
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