Fantasia escrita
Já faz tempo que não lia. Não parava, sentava em frente aos livros e os devorava, com desejo pelo fim. E como me fez falta. Aos poucos me vi inerte em outros mundos, outras realidades e outros seres. Pessoas e criaturas fantásticas. Me encontrei perdida, porém com um caminho que me levaria ao ponto onde sempre deveria estar. Eu desejava chegar. Aos poucos corri, ofegante e exausta ao fim. E quando com ele me deparei, percebi que não havia nada além. Me frustrei. Chorei, lágrimas sentidas, de um final que desejei, porém, não pensei antes, que era um final.
Agora decido naufragar por novos mundos, abro outra capa. Dentro as palavras flutuavam, e me levavam cada vez mais longe. Aos pouco viajei, voando longe no horizonte. A tênue linha entre realidade e fantasia se rompeu, mesclando as duas. Me via, como se houvesse um espelho diante de mim, vivendo aventuras fantásticas, aos poucos me tornei parte do livro. Porém, despenquei assim que a última palavra foi lida. Caí na imensidão da realidade, e de volta à meu mundo cheguei. Ainda mais que antes chorei.
E assim, vivo de histórias, realidades, mundos e criaturas escritas por quem soube criar, e documentar suas fantasias. Vivo presa aos sentidos de quem apenas se deleita com palavras de gênios que me antecederam. E quando chego ao fim, entristeço me, e choro amargamente, por não existir ainda meios de tornar real o que leio, e por além daquilo, ainda não existir mais nada. Ainda assim, me lanço aos livros. Sempre desejando o fim, mas nunca aprendendo a viver com ele.